Diante do crescente fluxo de carros elétricos importados, principalmente da China, a indústria automotiva brasileira, representada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), apresentou uma solicitação crítica ao vice-presidente Geraldo Alckmin. Durante uma reunião importantíssima nesta quarta-feira, os líderes do setor pediram um aumento prioritário e imediato na tarifa de importação sobre esses veículos para 35%, o teto permitido pelo Mercosul.
Este pedido surge como uma estratégia defensiva, visando proteger o parque industrial nacional diante de uma recente e significativa escalada nas importações de automóveis elétricos chineses. Apenas em abril deste ano, o Brasil marcou posição como o maior mercado de exportações para carros híbridos e elétricos fabricados na China, um crescimento que preocupa os fabricantes nacionais.
Por Que Aumentar a Tarifa de Importação Agora?

Márcio Lima Leite, presidente da Anfavea, alertou o governo sobre o risco de um aumento substancial na presença de carros importados no mercado brasileiro, que poderia dobrar sua participação para cerca de 20% neste ano. Essa situação poderia gerar um desequilíbrio prejudicial à indústria nacional, já que os automóveis importados muitas vezes possuem preços competitivos devido a subsídios governamentais de seus países de origem.
Qual a Proposta da Anfavea para o Regime Tarifário?
Alem de solicitar o aumento da alíquota para o máximo permitido, a Anfavea sugere um salto das etapas graduais previamente estabelecidas. Atualmente, a política de importação prevê um aumento progressivo da tarifa, que começaria em 25% em julho de 2024 e atingiria 35% apenas em 2026. A proposta é aplicar diretamente a taxa de 35% a partir de julho deste ano, como uma medida de emergência para fortalecer a proteção da indústria automobilística interna.
O Impacto do Programa Mobilidade Verde e Inovação
Na mesma reunião onde o aumento tarifário foi discutido, discutiu-se também o programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), sancionado poucas horas depois pelo presidente. Este programa, com um aporte de R$ 19,3 bilhões, busca promover o desenvolvimento de veículos mais sustentáveis no Brasil. Apesar dos incentivos, a abertura do mercado interno para competição estrangeira tem preocupado fabricantes locais, justificando, segundo eles, a necessidade da revisão tarifária instantânea.
Enquanto o governo avalia a proposta da Anfavea, a indústria aguarda uma resposta que equilibre as necessidades de proteção econômica com os objetivos ambientais e de inovação do país. O desfecho dessa político-comercial definirá em grande parte a trajetória do mercado automotivo brasileiro nos próximos anos, especialmente no segmento de carros elétricos.