A falta de umidade resultante da seca que assolou a região Norte em 2023 está causando um efeito cascata em todo o país. Essa ausência de umidade, que deveria ser transportada para outras regiões do Brasil, não ocorreu. A consequência é uma seca generalizada que afeta diversas áreas (entenda mais abaixo).
De acordo com dados do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), 1.024 cidades brasileiras estão atualmente classificadas entre seca extrema e severa, a mais alta escala de monitoramento. Isso representa aproximadamente 20% dos municípios do país, um aumento significativo em relação ao mesmo período do ano passado, quando apenas 45 cidades estavam nessas condições.
Consequências da Seca em 2024
Você sabia que os estados mais afetados pela seca atualmente são Amazonas, Acre, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, São Paulo e Tocantins? Nesses estados, todas as cidades estão sob alguma classificação de seca, o que impacta diretamente o abastecimento de água, agricultura e saúde pública.
A falta de chuva e a baixa umidade afetam o abastecimento, isolam regiões que dependem de transporte fluvial e causam prejuízos significativos ao setor agrícola. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 2024 registra o maior número de focos de incêndio dos últimos dez anos.
O que está causando tanta seca no Brasil?
Você pode se perguntar: se o fenômeno El Niño terminou em junho, por que ainda estamos enfrentando uma seca tão severa? A resposta é que diversos fatores contribuem para isso. O El Niño, embora tenha terminado, deixou um impacto residual. Além disso, as águas mais quentes dos oceanos e as mudanças climáticas intensificaram a situação.
As águas quentes e a falta de umidade criam uma combinação perigosa. Este ano, tivemos um começo de ano com chuvas muito abaixo da média, afetando várias regiões do país, do Norte ao Sudeste.
Como a seca está afetando diferentes regiões do Brasil?
Sudeste
No Sudeste, a situação é crítica, especialmente em São Paulo e no Espírito Santo. Em ambos os estados, todas as cidades estão sob alguma classificação de seca, impactando severamente o abastecimento de água e a produção agrícola.
O Sistema Cantareira, que abastece milhões de pessoas em São Paulo, está com 63% de sua capacidade, um nível considerado bom, mas que exige cautela por parte dos especialistas, já que a seca deve se prolongar por meses.
Centro-Oeste
No Centro-Oeste, a vegetação está sendo consumida pelo fogo em uma taxa alarmante. O Mato Grosso do Sul, por exemplo, viu o rio Perdido secar em vários trechos, transformando-se em um caminho de areia. Esse rio é vital para o abastecimento de centenas de famílias e para a produção agrícola.
Norte
A região Norte, que ainda estava se recuperando da pior seca em 40 anos, enfrenta novamente uma estiagem severa. Estados como Acre e Rondônia já declararam situação de emergência devido ao baixo nível dos rios, afetando o abastecimento e a produção agrícola.
No Amazonas, 19 rios receberam menos água do que em 2023, indicando uma seca ainda mais severa. Mais de 10 mil pessoas estão afetadas, com comunidades isoladas e necessitando de estocagem de alimentos.
Por que a seca está se intensificando?
A previsão dos meteorologistas indica que a seca em 2024 será mais intensa do que a de 2023. Para se ter uma ideia, em junho do ano passado, 45 cidades estavam classificadas com seca extrema e severa. Atualmente, esse número ultrapassa as mil cidades, mostrando um aumento dramático.
Os pesquisadores do Cemaden atualizam mensalmente a previsão de seca e confirmam que a estiagem começou antes, se prolongando por um período mais longo e afetando mais regiões em 2024. Essa intensificação da seca está ligada a diversos fatores climáticos e ambientais que necessitam de atenção urgente.
Como podemos enfrentar essa situação?
Uma possível mudança no cenário pode ocorrer com a chegada da La Niña, que tem o efeito oposto do El Niño, potencialmente aumentando a formação de chuvas e minimizando a estiagem. No entanto, isso só deve ocorrer a partir de agosto e levará tempo para ter um impacto significativo.
Até lá, é crucial que medidas emergenciais sejam adotadas para mitigar os impactos da seca. Governos locais e nacionais precisam estar atentos e preparados para implementar ações de conservação de água, apoio à agricultura e assistência às comunidades mais afetadas.
Conclusão
Em 2024, a seca extrema e severa está impactando um quinto dos municípios brasileiros, com consequências graves para o abastecimento de água, agricultura e saúde pública. A combinação da falta de umidade devido à seca no Norte, as mudanças climáticas e a alta temperatura dos oceanos estão agravando essa situação. A chegada da La Niña pode trazer alívio, mas é crucial que ações imediatas sejam tomadas para enfrentar essa crise.