Um funcionário de uma cervejaria entrou com ação judicial após alegar que foi obrigado a consumir cerca de 4 litros de cerveja por dia como parte de suas atividades — um hábito que teria levado ao desenvolvimento de dependência alcoólica e causado danos à sua vida pessoal e profissional.
O que ele alega?
Segundo o processo, o empregado — responsável por degustar e avaliar o produto — era pressionado a beber grandes quantidades diariamente, para atender metas relacionadas à qualidade. Ele afirma que essa exigência o levou à alcoolismo e que a empresa não realizou acompanhamento médico ou ofereceu apoio psicológico.
Um caso parecido no Brasil
Em São Paulo, o cervejeiro Bernd Naveke trabalhou por anos na Brahma, consumindo até 3 galões de cerveja por dia (aproximadamente 11 litros). Em 2000, ele processou a empresa por causa do alcoolismo adquirido e ganhou a causa: recebeu R$ 30 mil em indenização por danos morais, além de pensão vitalícia.
Este precedente mostra que a Justiça reconhece os riscos do chamado “work‑drinking” — consumo forçado no ambiente de trabalho.
Impactos à saúde
Beber altas quantidades diariamente pode causar:
- Dependência química
- Danos ao fígado (hepatite alcoólica, cirrose)
- Problemas cardíacos e digestivos
- Impacto emocional, com ansiedade, depressão e risco de isolamento social
Esses efeitos são agravados quando associados a pressão psicológica por metas de consumo.
O que diz a legislação?
Empregadores são responsáveis por garantir condições seguras e saudáveis no ambiente de trabalho, conforme a CLT e normas regulamentadoras (NRs). Forçar o consumo de bebida alcoólica é considerado risco à integridade física e mental, podendo gerar reparação por danos e revogação de contratos por “justa causa patronal”.
Como se proteger nesse tipo de trabalho
- Documente o volume de bebida necessário para sua função;
- Procure apoio do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional);
- Registre queixas ao MTE ou ao sindicato da categoria;
- Busque aconselhamento jurídico para acionar a Justiça do Trabalho, se necessário.
Por que isso é importante?
Esse tipo de caso alerta a sociedade e as empresas sobre os limites éticos e médicos no ambiente de trabalho — mesmo em setores historicamente relaxados com álcool, como a produção de bebidas.
Reconhecer e coibir práticas abusivas fortalece a cultura de segurança e bem-estar dos trabalhadores.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Beber no trabalho é permitido?
Não. O consumo de álcool no trabalho só é autorizado se previsto em acordo coletivo, com limites e acompanhamento médico. Forçar consumo é ilegal.
É possível ganhar na Justiça?
Sim. Casos como o de Naveke e o atual são precedentes que mostram possível vitória com indenização por danos morais e pensão.
Quais consequências o funcionário enfrentou?
Além do alcoolismo, a dependência pode gerar afastamentos, problemas pessoais e dificuldades financeiras.
E para a empresa?
A empregadora pode ser condenada a indenizar o trabalhador, sofrer sanções administrativas e prejudicar a segurança do trabalho.
Como prevenir isso?
Evite trabalhos que exigem ingestão de bebida alcoólica e exija que exames ocupacionais façam parte da rotina.
Onde buscar ajuda?
Sindicato da categoria, Ministério do Trabalho ou Justiça do Trabalho são canais iniciais para denúncias e apoio legal.