A indústria do gesso, elemento fundamental na construção civil e outras áreas, protagoniza uma problemática ambiental no Nordeste brasileiro. O aumento incessante no desmatamento para obtenção de lenha, matéria-prima necessária para a produção do gesso, coloca em risco o bioma único da Caatinga. Localizado majoritariamente em Pernambuco, o polo gesseiro de Araripe parece estar caminhando para um cenário de esgotamento, com graves consequências ambientais e sociais.
No coração do Nordeste, essa indústria vital para a economia local gera milhares de empregos, mas o alto custo ambiental questiona a sustentabilidade dessa prática. Utilizando-se principalmente de lenha para processo de calcinação da gipsita, as empresas de gesso estão forçadas a buscar recursos cada vez mais distantes, elevando os custos e exacerbando a destruição ambiental.

Combater a desertificação é muito mais eficiente do que recuperar áreas desertificadas – Flickr A.Duarte
Por Que a Produção de Gesso Ameaça a Caatinga?
A região do Araripe, no Pernambuco, abriga a maior concentração de indústrias do gesso do Brasil, representando 97% da produção nacional. Para transformar a gipsita em gesso, é necessário submetê-la a altas temperaturas, processo que demanda uma grande quantidade de lenha. Esta necessidade tem levado ao desmatamento acentuado do bioma da Caatinga, elevando perigosas bandeiras vermelhas sobre a conservação ambiental na região.
Quais São as Consequências deste Modelo de Produção?
A extração intensiva de lenha não apenas compromete a flora local, mas também a fauna e as condições climáticas da região. Especialistas alertam que essa prática pode acelerar o processo de desertificação do sertão nordestino, transformando uma área outrora rica em biodiversidade em um deserto sem vida. Além disso, a pressão sobre os recursos naturais eleva os custos de produção e compromete a viabilidade econômica do setor a longo prazo.
Existem Soluções Sustentáveis para a Indústria do Gesso?
Buscar alternativas mais sustentáveis é essencial para garantir a continuidade e a responsabilidade social e ambiental da indústria do gesso. Investimentos em tecnologias que permitam o uso de energia renovável para a calcinação da gipsita podem ser uma solução. Além disso, políticas de reflorestamento e manejo sustentável das florestas são medidas que podem ajudar a mitigar os impactos negativos no bioma da Caatinga.
É fundamental que a indústria, em conjunto com o governo e as comunidades locais, desenvolva um plano de ação que inclua o uso de combustíveis alternativos e práticas de produção mais limpas. Somente assim, será possível proteger o bioma da Caatinga, garantindo um futuro mais verde e sustentável para as próximas gerações.