Recentemente, um estudo inovador realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) trouxe uma excelente notícia para a saúde pública brasileira. Os dados de 2023 revelam um progresso impressionante na imunização infantil no Brasil, situando o país fora do ranking dos 20 com mais crianças não vacinadas mundialmente.
Esta melhora notável é evidenciada pela significativa redução no número de crianças que não receberam a primeira dose da vacina DTP1. Em 2021, esse número era alarmante em 710 mil, e em apenas dois anos, diminuiu para 103 mil. Essa tendência positiva também se reflete na vacina DTP3, onde a quantidade de crianças não vacinadas caiu de 846 mil para 257 mil crianças no mesmo período.
Qual a importância desta melhoria na imunização infantil?

O impacto desses números vai além das estatísticas. A vacina pentavalente, conhecida como DTP, é fundamental por proteger contra três doenças graves: difteria, tétano e coqueluche. A redução na quantidade de crianças não vacinadas não apenas melhora a saúde pública de imediato, mas também fortalece as comunidades contra surtos e epidemias de doenças que podem ser devastadoras.
Como o Brasil conseguiu tais resultados?
Luciana Phebo, chefe de Saúde do Unicef no Brasil, destaca que a melhoria é o resultado de uma retomada estratégica após anos de cobertura vacinal insuficiente. Segundo ela, é crucial “continuar avançando ainda mais rápido para encontrar e imunizar cada menina e menino que ainda não recebeu as vacinas“.
O Brasil tem procurado levar a vacinação para além das unidades de saúde, atingindo escolas, centros de assistência social (Cras) e outros espaços públicos, para facilitar o acesso a todas as famílias, em especial aquelas em situação de vulnerabilidade.
Desafios Globais Permanecem
Enquanto o Brasil avança, o panorama mundial não é tão promissor. Em 2023, o número de crianças que não receberam nenhuma dose da DTP1 subiu de 13,9 milhões para 14,5 milhões. E, apesar de 108 milhões de crianças receberem as três doses necessárias, esse número estável representa apenas 84% de cobertura — bem abaixo dos 95% necessários para evitar surtos, como os do sarampo, demonstrando a importância intrínseca de iniciativas focadas.
Por exemplo, a cobertura vacinal contra o sarampo, que se manteve estagnada em 83%, ilustra quanto resta ainda a ser feito para alcançar meta de erradicação desta doença grave que, nos últimos cinco anos, atingiu 103 países.
Outros Aspectos do Movimento de Vacinação
Outro ponto de destaque é a luta contra o câncer do colo do útero via vacinação contra o HPV. Embora a cobertura tenha subido para 27% em 2023, ainda está muito abaixo do objetivo global de 90%. É imperativo que essa taxa melhore, especialmente nos países de baixa e média renda, para que esse tipo de câncer possa ser efetivamente erradicado como um desafio de saúde pública.
Portanto, é essencial que os avanços do Brasil sirvam de inspiração para a adoção de estratégias similares globalmente, visando não apenas melhorar a saúde das crianças, mas de toda a população. O país sente o impacto direto dessas ações e serve como um modelo valoroso de como políticas públicas adequadas podem, de facto, fazer a diferença.