Em um movimento controverso, a Câmara dos Deputados do Brasil votou favoravelmente ao pedido de urgência para o Projeto de Lei n.º 1.904/2024, que propõe mudanças significativas nas regras do aborto. A medida promete acirrar os debates sobre os direitos reprodutivos no país.
Esta decisão legislatura agiliza o projeto que propõe o aumento da penalidade para o aborto realizado após 22 semanas de gestação, tratando-o equivalente ao homicídio simples. Este passo representa uma significativa alteração nas normativas vigentes sobre a saúde e os direitos das mulheres.
Qual é o novo prazo proposto para os abortos legais?

O PL 1.904/2024 estabelece um novo prazo, fixando em 22 semanas o limite gestacional para a realização de abortos considerados legais. Atualmente, o aborto no Brasil é restrito, mas permitido em circunstâncias específicas como estupro, perigo de vida para a mulher e anencefalia fetal. A medida altera profundamente os precedentes legais, limitando a janela de tempo para a realização do aborto nessas condições especiais.
Métodos e Controvérsias
A técnica de assistolia fetal, método recomendado pela OMS para abortos acima de 20 semanas, foi um dos gatilhos para a proposta legislativa. O método consiste em medicar para interromper o batimento cardíaco do feto antes da interrupção da gravidez. Apesar das recomendações globais, essa prática foi proibida pelos conselhos médicos do Brasil em abril, gerando grande polarização na opinião pública e entre especialistas em saúde.
Aumento drástico nas penalidades
Além de redefinir prazos, o PL 1.904/2024 prevê um aumento significativo nas penalidades para a realização do aborto fora dos termos legais. Segundo o texto, a prática depois das 22 semanas poderá levar à reclusão de seis a 20 anos. Essa alteração coloca a penalidade para o aborto no mesmo patamar que o homicídio simples, ampliando drasticamente as consequências para as mulheres e profissionais de saúde envolvidos.
Avaliação Caso a Caso
Contrabalanceando a rigidez das novas regulamentações, o projeto também propõe que a pena possa ser adaptada conforme as circunstâncias individuais de cada caso. Essa flexibilidade jurídica pode abrir margem para considerações mais humanizadas, porém, deixa dúvidas sobre como essa avaliação seria operacionalizada na prática.
Em meio ao cenário de polarização e debates sobre direitos reprodutivos, este projeto de lei surge como um ponto de inflexão significativo. Ele reflete não apenas mudanças legais, mas também culturais e sociais profundas que continuarão a ressoar pelo país nos próximos anos. À medida que a proposta avança para votação em plenário, todos os olhos estarão voltados para o Congresso, aguardando os próximos capítulos dessa controvérsia legislativa.