Desde a última quinta-feira, 5 de outubro de 2024, a Venezuela vive um momento tenso com o bloqueio da rede social X, anunciado pelo presidente Nicolás Maduro. A medida, que começou a valer às 21h no horário local — 22h no horário de Brasília, conforme informado pela agência France-Presse (AFP) —, tem causado repercussão tanto internamente quanto internacionalmente.
A única maneira de acessar a plataforma durante este período é através de redes privadas, conhecidas como VPNs. O bloqueio ocorre em meio a uma série de trocas de acusações entre Maduro e o dono da rede social, Elon Musk, desde as eleições realizadas em 28 de julho de 2024.
Rede Social X Bloqueada na Venezuela: Entenda os Motivos
Segundo Maduro, a X e seu proprietário, Elon Musk, violaram diversas normas da plataforma ao incitarem ódio, fascismo e até uma possível guerra civil. O presidente venezuelano disse que a medida de suspensão é uma ação para “respeitar a lei”. Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações) foi a responsável pela proposta do bloqueio por 10 dias.
A agência France-Presse informou que o regulador de telecomunicações do país fará uma “medida administrativa definitiva” enquanto a suspensão estiver em vigor, o que pode prolongar o bloqueio caso seja necessário.
O Que Está Por Trás do Bloqueio da Rede Social X?
As tensões entre Maduro e Musk começaram após um suposto ataque hacker ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) no dia da votação, pelo qual Maduro responsabiliza Musk. A troca de acusações se intensificou quando Maduro utilizou a própria rede social, no dia 30 de julho, para desafiar Musk diretamente. Em resposta, Musk aceitou o desafio, gerando grande repercussão entre os usuários da plataforma.
Maduro afirmou em uma declaração: “[Ele] quer controlar o mundo, já controla a Argentina (…) Você quer briga, Elon Musk? Estou pronto, sou filho de (Simón) Bolívar e (Hugo) Chávez, não tenho medo de você”. Esse confronto verbal público gerou ainda mais debates acalorados nas redes sociais.
Protestos e Reações Internacionais
A Venezuela está passando por uma onda de protestos liderados pela oposição, que questiona os resultados das eleições e exige transparência. Pelo menos 24 pessoas perderam a vida nos protestos. Maduro está a caminho de seu terceiro mandato consecutivo, o que o manterá no poder por 18 anos se confirmada sua reeleição.
Organismos internacionais como a Organização dos Estados Americanos (OEA) não reconheceram os resultados das eleições. Brasil, Colômbia e México emitiram uma nota conjunta solicitando a divulgação das atas eleitorais e uma resolução pacífica para o impasse.
Investigação contra Oposição
O Ministério Público da Venezuela, alinhado ao governo de Maduro, abriu uma investigação criminal contra os opositores Edmundo González e María Corina Machado. Eles são acusados de crimes como usurpação de funções, divulgação de informações falsas, instigação à desobediência e associação para delinquir.
- Usurpação de funções
- Divulgação de informação falsa para causar alarmismo
- Instigação à desobediência das leis
- Instigação à Insurreição
- Associação para delinquir e conspiração
O comunicado da oposição reafirma a vitória de González e convoca as Forças Armadas a se posicionarem “ao lado do povo”. A tensão política, combinada com o bloqueio da rede social X, alimenta um cenário de incertezas no país.
Enquanto a medida permanece em vigor, resta saber como os eventos vão se desenrolar nos próximos dias e se a suspensão da rede social influenciará de alguma forma o desenrolar da crise política na Venezuela.