O panorama do trabalho presencial está mudando rapidamente. Cada vez mais, empregadores de grandes corporações estão alterando suas políticas de trabalho, exigindo que seus funcionários compareçam ao escritório com maior frequência.
Isso marca uma reversão nas tendências anteriormente observadas durante a pandemia, onde o trabalho remoto predominava.
Contudo, essa exigência traz à tona diversas discussões sobre os verdadeiros benefícios desse modelo para a conexão e produtividade das equipes.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Leesman, um levantamento incluindo mais de mil profissionais sugere que não há uma grande diferença na percepção de conexão com a organização entre aqueles que trabalham presencialmente por quatro ou cinco dias e aqueles que comparecem por apenas dois ou três dias.
Curiosamente, o grupo que passa menos tempo no escritório sente-se ligeiramente mais conectado à sua empresa, apontando para uma complexidade na relação entre presença física e engajamento.
O que os dados dizem sobre trabalho presencial e conexão com a equipe?
Allison English, vice-diretora-executiva do Leesman, aponta que a presença no escritório não está diretamente ligada a benefícios claros no engajamento ou na conexão com a organização.
Pelo contrário, a pesquisa evidencia que quanto maior o número de dias presenciais, menor é a satisfação geral do empregado com o balanço entre vida profissional e pessoal. Impactando, dessa forma, negativamente o seu engajamento.
Benefícios do modelo híbrido para a autonomia e engajamento do trabalhador
Um relatório do instituto Gallup sugere que relacionamentos próximos no local de trabalho, como ter um “melhor amigo” entre os colegas, são vitais para o desempenho e a satisfação no emprego.
A pesquisa elaborada pela Gallup mostra que estratégias que combinam trabalho remoto e presencial podem fortalecer essas conexões pessoais. Ao mesmo tempo que oferecem flexibilidade e autonomia aos empregados.
Os desafios de um ambiente de trabalho excessivamente presencial
Conforme as exigências por maior presença no escritório cresciam, problemas com a forma como esse tempo é gerido no ambiente corporativo também se tornaram mais evidentes.
Tomas Chamorro-Premuzic, professor de Psicologia Corporativa do University College de Londres, critica as dinâmicas de escritório onde empregados precisam parecer constantemente ocupados.
Segundo ele, essa necessidade de “ficar ocupado” frente a gerentes desconfiados prejudica a produtividade e não contribui para uma verdadeira colaboração.
A enorme transição para o trabalho presencial levanta sérias questões sobre como as organizações podem planejar esses dias para realmente incentivar a colaboração, e não apenas cumprir requisitos de tempo de tela.
Sem um pensamento estratégico, os resultados podem levar ao contrário do desejado, afastando talentos em vez de retê-los.
Portanto, enquanto mais empresas retomam as atividades presenciais tentando fortalecer as “conexões”, é crucial refletir sobre como essas estratégias são implementadas.
Será que estamos realmente criando ambientes de trabalho que favorecem a colaboração e a conexão real entre os funcionários? Essa resposta ainda parece incerta.