A cada dia tem se tornado mais complexo a forma de solicitar crédito consignado no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). As frequentes reduções no teto de juros do consignado, aprovado pelo governo federal, tem causado incômodos para as instituições financeiras.
O resultado? Uma potencial ameaça ao fim do empréstimo que os aposentados tanto utilizam. Desde o ano passado, o teto de juros do consignado do INSS foi cortado oito vezes. Os cortes começaram em março, e o último foi recentemente, em junho.
Essas mudanças foram lideradas pelo Ministério da Previdência Social, que recebeu aprovação do CNPS (Conselho Nacional da Previdência Social) para efetivar as alterações. Confira a seguir maiores detalhes dá ameaça nos consignados.
Teto de Juros do Empréstimo Consignado INSS

Até o momento, as taxas de juros do consignado permanecem em:
- Crédito consignado: 1,66% ao mês;
- Cartão de crédito consignado: 2,46% ao mês.
Os juros do consignado tiveram redução significativa desde que Lula entrou no poder — 21,84% desde março, quando o teto era de 2,14%. Nas primeiras discussões de corte, os bancos se mostraram totalmente contrários, chegando a suspender a oferta deste tipo de crédito como forma de protesto.
Segundo as instituições financeiras, reduzir os juros torna a operação financeira inviável. Esse empréstimo geralmente é mais fácil de obter, pois o pagamento é descontado diretamente do salário do aposentado ou pensionista. Pelo mesmo motivo, ele é um dos mais usados por esses grupos.
No entanto, a frequente redução nos juros leva os bancos a reconsiderar essa facilidade.
Por que os Bancos Estão Cortando o Crédito Consignado INSS?
A tentativa do governo de fazer com que o crédito consignado do INSS pareça mais atraente, através das redução dos juros, tem tido efeito contrário. Devido à queda nas margens de lucro, os bancos estão mais rigorosos na concessão do empréstimo.
Outro empecilho que leva as instituições financeiras a serem mais seletivas é o aumento nos custos de captação de recursos. Estando impossibilitadas de repassar o valor do aumento para as taxas de juros do crédito, os bancos cogitam suspender essa linha de empréstimo.
A empresa Dataprev, responsável por administrar o processamento de dados da Previdência, alertou que o volume financeiro de novos empréstimos com margem livre caiu 23% entre 2022 e 2023.
Quais as Consequências para os Pensionistas?
A redução dos juros parece uma boa notícia para os aposentados e pensionistas, a primeira vista, já que significa que os juros do consignado ficarão menores. Ou seja, os custos serão igualmente baixos.
No entanto, na realidade temos visto que a situação é mais complexa do que parece. Devido aos bancos se tornarem mais criteriosos, há um risco real de que a oferta desse tipo de crédito diminua de forma significativa.
Para muitos aposentados, pensionistas e beneficiários do BPC, o crédito consignado é uma das poucas formas de ter acesso a quantias maiores de dinheiro com os menores juros do mercado.
Se a oferta desse empréstimo for restringida de forma severa, muitos poderão se ver sem opções viáveis para suas necessidades financeiras urgentes.
Por fim, por mais que seja bem-intencionada a redução no teto de juros do crédito consignado do INSS, está criando uma série de repercussões indesejadas aos beneficiados.
A tendência é que os bancos continuem a ajustar suas políticas de concessão de crédito para se adaptar às novas condições do mercado, o que poderá afetar diretamente os beneficiários do INSS.