Em meio às crescentes tensões no leste europeu, a Rússia se manifestou sobre as condições para iniciar negociações de paz com a Ucrânia. Em uma recente cúpula, que contou com a ausência de Moscou, foram discutidos os termos para cessar o conflito que perdura desde fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia.
A declaração do Presidente Vladimir Putin exigiu que Kiev retire suas tropas das regiões parcialmente anexadas pela Rússia e renuncie às intenções de se juntar à OTAN, como precondições para iniciar diálogos de paz. Essa postura foi novamente enfatizada neste domingo pelo porta-voz Dmitry Peskov, que aconselhou a Ucrânia a “pensar” sobre a sugestão.

Porta-voz Dmitry Peskov
O que diz o documento final da cúpula?
O documento final da cúpula, endossado pela maioria dos 90 países participantes com exceção de alguns estados como Índia e Arábia Saudita, reitera o compromisso com a soberania e integridade territorial de todos os estados, incluindo a Ucrânia. No entanto, destaca-se a necessidade de envolvimento e diálogo entre todas as partes, incluindo a Rússia.
Como a Rússia justifica sua posição?
Apesar de não participar diretamente da cúpula, a posição russa foi bastante clara através das declarações de seus representantes. Putin e seu porta-voz insistiram que as exigências russas visam a implementar uma “paz negociada” que leve em conta as “realidades no terreno”. Afirmam ainda que não se trata de um ultimato, mas sim de uma iniciativa de paz.
Possíveis repercussões globais da guerra continuada
A declaração da cúpula também abordou as devastadoras consequências humanas e riscos globais decorrentes do conflito em andamento. Além da importante questão da repatriação das mais de 20 mil crianças ucranianas deslocadas para a Rússia, o documento expressa profunda preocupação com a ameaça de escalada nuclear, classificando qualquer utilização de armas nucleares como inadmissível.
A captura da central nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, por forças russas, é um exemplo crítico. Desde o início do conflito, essa ocupação tem sido fonte de alarme global devido ao risco crescente de um desastre radiológico. Além disso, a guerra complicou significativamente as exportações agrícolas da Ucrânia, um dos maiores produtores mundiais, agravando as preocupações com a segurança alimentar global.
Finalmente, a cúpula sublinhou a necessidade de garantir “navegação comercial livre, plena e segura” nos mares Negro e Azov, essenciais para o comércio global. Com o conflito ainda sem resolução à vista e a comunidade internacional dividida, resta saber como as próximas jogadas diplomáticas influenciarão o futuro da região e o equilíbrio de poderes no cenário mundial.