Neste artigo você encontra os principais resultados de uma pesquisa sobre a percepção de diferenças no tratamento entre pessoas brancas e negras. A maioria percebe desigualdade. Locais mais citados: comércios, trabalho, ruas e escolas. As respostas variam por cidade. Muitas pessoas veem o racismo como problema central e afirmam que a violência policial atinge mais a população negra. Há apoio à representatividade e às políticas afirmativas, com mais apoio entre a população negra. A pesquisa foi feita pelo Instituto Cidades Sustentáveis com Ipsos‑Ipec e contou com apoio da União Europeia.
- A maioria percebe diferença no tratamento entre brancos e negros
- Desigualdade é mais notada em shoppings, no trabalho, nas ruas e nas escolas
- Muitos veem racismo e violência policial como problemas que atingem mais negros
- Há apoio para mais representatividade negra e políticas afirmativas
- População negra é vista como mais afetada por falhas em serviços e riscos ambientais
O que a pesquisa mostra?
A pesquisa indica que 8 em cada 10 pessoas percebem diferenças no tratamento entre brancos e negros. Foram ouvidas 3.500 pessoas em 10 capitais entre 1º e 20 de julho. A amostra aponta que 54% se declararam pretos ou pardos e 43% brancos. A margem de erro é de 2 pontos percentuais no total (até 6 pontos por capital).
Onde a desigualdade aparece?
Os três cenários mais citados foram:
- Shoppings e comércios (lojas, bares, restaurantes)
- Ambiente de trabalho (do processo seletivo ao dia a dia e promoção)
- Ruas e espaços públicos (parques, praças)
Em seguida aparecem escolas, faculdades e universidades — é como se houvesse um roteiro repetido em muitos cenários do dia a dia.
Diferenças entre cidades
A percepção varia por capital. Em Salvador e Belém o sentimento de desigualdade é mais forte: 65% e 62%, respectivamente, disseram ver tratamento desigual. Já em Goiânia e Manaus os números caem para 51% e 50%. O mapa muda conforme a experiência local.
Percepção sobre políticas públicas e violência policial
A maioria concorda com medidas e reconhece problemas:
- 75% concordam, totalmente ou em parte, que o racismo é um problema central na cidade e precisa de políticas públicas.
- 75% também concordam que a violência policial atinge principalmente pessoas negras; 18% discordam.
- 72% acreditam que aumentar a representatividade de pessoas negras em cargos de poder ajuda a diminuir desigualdades.
Opiniões sobre cotas:
- 13% dos pretos e pardos apoiam cotas para cargos com poder decisório, contra 8% dos brancos.
- 18% dos brancos disseram querer a eliminação de cotas em universidades, enquanto entre negros esse número foi 12%.
Impacto em serviços essenciais
A desigualdade aparece também na infraestrutura e nos riscos ambientais:
- 50% dizem que a população negra tem mais dificuldade de acesso a água potável e coleta/tratamento de esgoto.
- 48% apontam que negros são mais afetados por deslizamentos e desabamento de casas.
- 48% citam maior impacto de inundações e alagamentos.
Isso mostra que a desigualdade não é só atitude: envolve infraestrutura, saúde e segurança.
Contexto: casos recentes e memória
Alguns episódios recentes ajudam a entender por que essas percepções existem:
- A morte de um homem negro em um supermercado de Porto Alegre, sem julgamento após cinco anos.
- Descendentes de escravizados em Sertãozinho (SP) lutando para manter memória diante da expansão do agronegócio.
- Ação da Polícia Federal contra suspeitos de divulgar nudes falsos de parlamentares.
- Manifestação no Shopping Pátio Higienópolis em resposta a um episódio de racismo sofrido por crianças.
Cada caso acende discussões e lembra que o problema está presente também em bairros e cidades.
O que isso significa para você?
Pense assim: assistir ao mesmo filme com legendas diferentes muda a experiência. Algumas ações possíveis:
- Conversar com amigos e familiares: Você já sentiu isso?
- Cobrar representantes: votar e acompanhar políticas locais.
- Apoiar iniciativas que ampliem representatividade.
- Prestar atenção no ambiente de trabalho e denunciar desigualdades.
Pequenos gestos podem ter efeito concreto.
Conclusão
A pesquisa com 3.500 pessoas em 10 capitais mostra que a maioria percebe diferenças no tratamento entre brancos e negros, especialmente em shoppings, trabalho, ruas e escolas. Muitos apontam racismo e violência policial como problemas que atingem mais a população negra; há apoio à representatividade e às políticas afirmativas. Também há sinais de maior impacto sobre a população negra em serviços essenciais e riscos ambientais.
Perguntas frequentes
Quantas pessoas dizem perceber diferença no tratamento entre brancos e negros?
80% das pessoas entrevistadas dizem perceber desigualdade — oito em cada dez. A pesquisa ouviu 3.500 pessoas em 10 capitais.
Onde essa diferença é mais notada?
Principalmente em shoppings e comércios. Depois vêm trabalho, ruas e espaços públicos, e escolas/faculdades.
Há consenso sobre racismo e violência policial?
Sim. 75% concordam que o racismo é um problema central e que a violência policial atinge mais pessoas negras. Cerca de 18% discordam.
O que a pesquisa mostra sobre políticas afirmativas e representação?
72% acreditam que mais representatividade negra na política ajuda a reduzir desigualdades. Pretos e pardos apoiam políticas afirmativas com mais intensidade.
A desigualdade afeta acesso a serviços e riscos ambientais?
Quase metade diz que a população negra é mais afetada: 50% apontam maior dificuldade com água e esgoto; 48% citam deslizamentos e inundações.

