O governo federal está considerando trazer de volta o horário de verão. Essa possível medida tem como objetivo economizar energia e aproveitar melhor as fontes de energia solar e eólica, reduzindo a dependência do país das usinas hidrelétricas, especialmente nos horários de alta demanda.
Atualmente, cerca de metade da energia elétrica do Brasil provém de hidrelétricas. No entanto, as secas prolongadas e as altas temperaturas têm causado dificuldades. Um exemplo significativo disso é a usina Santo Antônio, em Rondônia, que teve de reduzir suas operações no início de setembro devido ao baixo nível de água no rio.
Como o Horário de Verão Pode Economizar Energia?
O horário de verão poderia ajudar a diminuir o consumo de energia no final do dia, entre 18h e 19h. Isso ocorre porque, ao adiantar o relógio em uma hora, é possível aproveitar melhor a luz do dia e reduzir a necessidade de eletricidade nesse período de pico. Atualmente, as energias solar e eólica representam 15% e 7,5% da produção nacional, respectivamente.
Durante a última crise hídrica, em 2021, a demanda por energia foi 13% maior do que a média histórica desse período. Para suprir essa necessidade, o governo teve que recorrer às usinas termoelétricas, que são mais caras e aumentam as tarifas de energia. A reintrodução do horário de verão pode ser uma forma de evitar essa situação.
Quais os Desafios das Fontes Renováveis no Pico de Consumo?
Embora vantajosas, as fontes de energia renovável enfrentam desafios significativos, especialmente nos horários de maior consumo. Vamos explorar alguns dos principais problemas:
- A energia solar não é gerada após o pôr do sol, reduzindo sua disponibilidade nos horários de pico.
- A produção de energia eólica tende a ser menos eficaz durante a noite.
Essas limitações complicam a gestão do sistema elétrico nacional e mostram a necessidade de estratégias alternativas, como o horário de verão, para maximizar a eficiência dessas fontes.
O Horário de Verão Ainda é Eficiente nos Dias de Hoje?
Embora eficaz no passado, a aplicação do horário de verão hoje é discutível. Com as altas temperaturas, o uso de aparelhos de ar-condicionado e ventiladores é constante, aumentando a demanda por energia durante todo o dia. Foi esse cenário que levou o governo de Jair Bolsonaro (PL) a extinguir o horário de verão em 2019.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, qualquer medida voltada para a economia de energia durante períodos de seca precisa ser considerada. Além disso, ele aponta que o horário de verão pode incentivar setores como o turismo e o comércio de bares e restaurantes, que tendem a intensificar suas atividades em dias mais longos.
Quais os Próximos Passos do Governo?
O Ministério de Minas e Energia está realizando um estudo sobre a viabilidade de retomar o horário de verão, com resultados esperados para esta semana. Uma reunião entre o ministério e o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) está programada para quinta-feira (19), para discutir a possível reimplementação da medida.
Se o horário de verão voltar, será curioso observar seu impacto na economia e no consumo de energia. Será que essa estratégia antiga pode aliviar a pressão do sistema elétrico em um cenário de mudanças climáticas e alta demanda? A resposta será crucial para o futuro da gestão energética no Brasil.