No Brasil, a legislação que rege as relações de trabalho, conhecida como CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), pode passar por mudanças significativas no que diz respeito à jornada de trabalho. Diversos projetos de lei estão sendo discutidos para flexibilizar o regime atual, que normalmente exige de 40 a 44 horas semanais. Uma das propostas mais atraentes para muitos trabalhadores é a redução da carga horária semanal, permitindo atuar apenas quatro dias da semana.
Pesquisas mostram que uma parte expressiva dos trabalhadores é favorável a essa mudança. Segundo dados do Instituto DataSenado, 69% dos entrevistados indicaram que não se sentiriam sobrecarregados com um dia de folga adicional na semana, e 85% acreditam que a qualidade de vida melhoraria significativamente com essa alteração.
Quais são as Propostas de Lei para a Jornada CLT?

Atualmente, há três propostas principais em tramitação no Senado Federal que visam modificar a jornada de trabalho estabelecida pela CLT. Estes projetos têm diferentes abordagens, mas todos compartilham do objetivo comum de permitir uma maior flexibilidade nas horas de trabalho sem diminuir a remuneração.
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- Projeto de Lei (PL) nº 1.105/2023: Proposto pelo senador Weverton (PDT-MA), este projeto sugere que as empresas possam negociar a redução da carga horária com seus empregados sem reduzir os salários, a partir de acordo ou convenção coletiva.
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- Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 148/2015: Esta proposta, apresentada inicialmente pelo senador Paulo Paim (PT-RS), busca limitar a duração diária de trabalho a oito horas e reduzir gradativamente a carga semanal de 40 para 36 horas. A proposta, arquivada anteriormente, voltou a tramitar após pedido do senador.
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- Projeto de Resolução do Senado (PRS) 15/2024: Esta proposta visa criar o Diploma Empresa Ideal para empregadores que adotem práticas de trabalho mais saudáveis, como a redução da jornada sem perda salarial.
Por Que Adotar uma Jornada de Trabalho Flexível?
As mudanças na jornada de trabalho apontam para um alinhamento com tendências globais que buscam melhor qualidade de vida para os trabalhadores. Estudos sugerem que uma carga horária reduzida pode estar associada a um aumento na produtividade, além de promover condições de saúde física e mental mais favoráveis.
No contexto atual, onde o esgotamento mental e doenças relacionadas ao estresse são comuns, a flexibilização da carga horária surge como uma alternativa que pode mitigar esses problemas. A redução de jornada não é apenas uma questão de tempo livre, mas também de permitir que o trabalhador se recupere e se envolva em atividades que promovam bem-estar.
Quais são os Desafios para Implementar a Jornada Reduzida?
Embora a ideia de uma semana de trabalho mais curta seja atraente, existem desafios significativos que precisam ser enfrentados. Uma das preocupações principais das empresas é a possibilidade de redução na produção ou nos serviços oferecidos. Será necessário um planejamento cuidadoso para assegurar que o desempenho não seja comprometido.
Adicionalmente, a legislação trabalhista brasileira é complexa e qualquer mudança requer um consenso entre empregadores e trabalhadores. Os custos associados a possíveis adaptações estruturais e o impacto em setores que exigem um funcionamento contínuo são fatores que necessitam de um exame atento.
O Futuro da Jornada de Trabalho no Brasil
As discussões em torno da jornada de trabalho flexibilizada refletem uma busca por equilíbrio entre as exigências do mercado e a qualidade de vida dos empregados. Com a legislação ainda em fase de análise e debate, os próximos anos poderão trazer um cenário mais adaptável e dinâmico para o regime de trabalho brasileiro.
À medida que mais empresas e legisladores reconhecem os potenciais benefícios de uma carga horária mais leve, pode-se esperar que a transformação do ambiente de trabalho tradicional ganhe força. Observando as experiências de outros países que já adotaram medidas semelhantes, o Brasil pode estar caminhando em direção a um modelo de trabalho mais humanizado e sustentável.