Recentemente, o senador Plínio Valério, relator no Senado, trouxe à tona uma sugestão inovadora para o Banco Central (BC) brasileiro em busca de sua independência financeira. Em meio à discussão sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que objetiva conceder autonomia à instituição, foi proposta uma mudança na natureza jurídica do BC, que poderia assumir uma posição inédita no Brasil como empresas públicas.
A tentativa de alteração vem como estratégia para facilitar a aceitação do projeto que se encontra em tramitação no Congresso Nacional. Este movimento visa descomplicar a controvérsia que se instaurou acerca da autonomia do Banco Central, especialmente frente ao governo federal que se opõe à transformação.
O que significa a transformação do Banco Central em empresa pública?

Segundo informações obtidas, a nova natureza jurídica permitiria ao BC maior liberdade técnica, operacional, administrativa, orçamentária e financeira. Organizado sob a forma de corporação integrante do setor público financeiro, o Banco Central ganharia também prerrogativas inéditas de regulação, supervisão e resolução, atribuições essas comumente associadas a entidades com poder de polícia.
Como a proposta pode impactar o funcionamento do BC?
Com a adoção deste novo modelo, o Banco Central poderia gerir suas próprias receitas, elaborar, aprovar e executar seu próprio orçamento. Esta mudança representa um passo significativo para a desvinculação do orçamento do BC dos repasses do governo federal, permitindo uma maior autarquia na gestão de seus recursos e, por consequência, uma independência mais robusta.
Desafios e Concessões no Caminho da Autonomia do Banco Central
Não obstante, a alteração proposta não foi prontamente aceita. Diante da resistência encontrada, especialmente por partidários do governo e funcionários do próprio Banco Central, novas estratégias estão sendo discutidas para alcançar um consenso. O senador Valério, por exemplo, assegurou aos servidores em regime CLT a estabilidade nos cargos, salvo em casos de sentença judicial definitiva ou falta grave, buscando, assim, manter os direitos adquiridos pelos trabalhadores.
O diálogos entre o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, e o senador Valério trouxeram novas perspectivas e propostas de alteração desejadas pelo Planalto. A expectativa é que essas concessões ajudem a pacificar o embate e promovam o avanço da PEC na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), agora programada para agosto.
Este avanço na questão da autonomia do Banco Central é considerado um marco para a governança econômica do Brasil. A implementação desta mudança poderia colocar o país em um patamar de alinhamento com práticas de independência de bancos centrais observadas em outras nações, um passo considerado essencial por muitos economistas para a estabilidade e previsibilidade econômica brasileira.