O Brasil se despede de uma das figuras mais emblemáticas de sua história econômica. Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento, faleceu aos 96 anos no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado desde o dia 5 de agosto de 2024 por complicações em seu quadro de saúde. O ex-ministro deixa uma filha e um neto.
Segundo informações da assessoria, não haverá velório aberto e o enterro será restrito aos familiares, marcando o fim de uma era para muitos economistas e políticos que acompanharam sua trajetória.
Delfim Netto foi professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) e um dos mais longevos ministros da Fazenda do Brasil, com uma carreira que se estendeu por várias décadas.
Biografia de Delfim Netto

Nascido em 1927, Delfim Netto começou sua carreira acadêmica cedo, tornando-se rapidamente uma referência na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP). Entre 1967 e 1974, ele ocupou o cargo de ministro da Fazenda, período em que foi registrado o chamado “milagre econômico”.
Entre 1979 e 1985, Delfim Netto foi ministro do Planejamento e também ocupou o cargo de ministro da Agricultura em 1979. De 1975 a 1977, ele foi embaixador do Brasil na França, aumentando ainda mais sua relevância no cenário internacional.
Qual foi o impacto de Delfim Netto na economia brasileira?
Sob a gestão de Delfim Netto, o Brasil viveu um momento de expansão econômica sem precedentes. Este período, conhecido como “milagre econômico”, foi marcado por altas taxas de crescimento do PIB, industrialização e melhorias na infraestrutura.
No entanto, seu legado também inclui desdobramentos complexos, como o aumento da dívida externa e questões sociais emergentes. Como ministro do Planejamento durante a década de 1980, Delfim Netto também enfrentou a segunda maior crise financeira mundial do século 20, derivada do choque dos preços do petróleo e da elevação dos juros americanos.
Legado e contribuições após a redemocratização
Com o fim do regime militar, Delfim Netto continuou a influenciar os rumos da economia brasileira. Ele participou das eleições de 1986 como candidato à Câmara dos Deputados e, ao longo dos anos, tornou-se conselheiro de presidentes e empresários.
Em 2014, doou sua vasta biblioteca pessoal para a USP, contendo mais de 100 mil títulos, acumulados em quase oito décadas. Seus livros, artigos e estudos continuam a ser referências essenciais para economistas e estudiosos da área.
Delfim Netto: publicações e influência na mídia
Autor de mais de 10 livros sobre economia brasileira, Delfim Netto também foi um escritor ativo na imprensa. Ele escrevia semanalmente para jornais como Folha de S.Paulo e Valor Econômico, além de colaborar com a revista Carta Capital. Seus artigos eram publicados regularmente em cerca de 70 periódicos de todo o país.
Seu estilo direto e analítico conquistou uma ampla audiência, e suas opiniões influenciaram políticas econômicas e estratégias empresariais por várias décadas. Delfim Netto será lembrado não apenas por sua atuação política, mas por sua profunda influência intelectual.
A história de Delfim Netto é um lembrete do impacto que um único indivíduo pode ter na transformação de um país. Sua trajetória ficará marcada na memória de todos que acompanharam sua carreira e estudaram suas contribuições para a economia brasileira.