O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou na terça-feira (23) seu compromisso com a política de valorização do salário mínimo e garantiu a manutenção dos reajustes até o fim de seu mandato. Durante o discurso no campus Lago do Sino da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) em Buri, a 220 km da capital paulista, Lula sublinhou a importância dessa política para o crescimento econômico e a melhoria da qualidade de vida da população.
Essa medida, que prevê a correção do mínimo pela inflação mais a variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes, tem repercussões significativas, especialmente nos gastos previdenciários. Conforme noticiado pela Folha de S.Paulo, a Previdência Social verá um aumento de no mínimo R$ 100 bilhões em suas despesas nos próximos quatro anos, devido à valorização do salário mínimo.
O Impacto da Valorização do Salário Mínimo no Brasil

Lula enfatizou que “nesses dois anos [de governo] aplicamos 11% de reajuste por mérito no salário e vamos continuar, porque quando o salário aumenta o povo vira consumidor. A classe média vai vender mais”. Ele destacou que o aumento do consumo resulta em um ciclo positivo para a economia.
Com um salário mínimo de R$ 1.412 desde janeiro de 2024, a previsão para 2025 é de R$ 1.502, o que representa uma alta de 6,73%. “O povo consumindo mais, e os agricultores vão ter o que plantar. Vai ter mais comida barata, e a gente vai ficar mais bonitão, mais gordo”, prosseguiu o presidente, arrancando risadas da plateia.
Como a Reforma do Salário Mínimo Afeta as Despesas Previdenciárias?
Além dos impactos econômicos, Lula também explicou como a reforma do salário mínimo afeta diretamente as despesas previdenciárias. O aumento do salário base leva a um incremento nas aposentadorias e pensões, o que gera um maior desembolso por parte da Previdência Social. Este movimento, embora oneroso, é visto pelo governo como necessário para garantir a justiça social e impulsionar a economia através do aumento da demanda interna.
A Importância da Reformulação de Impostos Sobre Herança
Lula aproveitou a ocasião para criticar a atual alíquota do imposto sobre herança no Brasil, comparando-a com a dos Estados Unidos. “No Brasil, ninguém faz doação porque o imposto sobre a herança é nada, é só 4%. A pessoa não tem interesse em devolver o patrimônio dela”, afirmou. O presidente elogiou o gesto do escritor Raduan Nassar, que doou uma fazenda ao governo federal, sugerindo que a alta tributação sobre heranças nos EUA incentiva atos de filantropia, enquanto a baixa tributação no Brasil desestimula tais ações.
A fazenda de 43 hectares doada por Nassar, quatro vezes a área do parque Ibirapuera em São Paulo, foi destinada ao campus da UFSCar, beneficiando diversos cursos como biologia, administração e engenharia.
Qual o Papel do Brasil na Transição Energética?
Tratando de temas mais amplos, Lula também abordou o mercado de energia limpa, destacando que o Brasil já tem 85% de sua matriz energética composta por fontes renováveis. Ele afirmou que o país está preparado para expandir sua atuação em energia eólica, solar e no desenvolvimento do hidrogênio verde. Chamando a transição energética de uma “moda”, Lula enfatizou a relevância deste movimento global para preservação do planeta.
Encerrando sua fala, Lula compartilhou com o público que, aos 78 anos, sente-se revigorado e o mais otimista dos brasileiros. Ele enfatizou sua missão de demonstrar que a população de baixa renda não é o problema, mas sim a solução para os desafios do país.
O evento contou com a presença dos ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e Camilo Santana (Educação), e reuniu alunos universitários e militantes do MTST com bandeiras e bonés, demonstrando o apoio de diversos setores da sociedade à política de valorização do salário e aos investimentos na educação e energia sustentável.