O governo federal encaminhou ao Congresso uma proposta que pode isentar do Imposto de Renda trabalhadores que ganham até R$ 5 mil por mês. Se aprovada, essa mudança entrará em vigor em 2026 e beneficiará cerca de 10 milhões de brasileiros.
Além da isenção para essa faixa de renda, a proposta também prevê descontos escalonados para quem recebe até R$ 7 mil mensais e uma nova taxação para os super-ricos. Mas o que isso significa na prática? Quais são os impactos para trabalhadores e para a economia? Vamos entender cada detalhe.
Como Ficará a Nova Faixa de Isenção do Imposto de Renda?
Se a proposta for aprovada, a nova regra funcionará da seguinte maneira:
✅ Renda mensal de até R$ 5 mil → 100% de isenção (não paga nada de IR)
✅ Renda mensal de R$ 5.500 → 75% de desconto (paga R$ 203,13 em vez de R$ 436,79)
✅ Renda mensal de R$ 6 mil → 50% de desconto (paga R$ 417,85 em vez de R$ 574,29)
✅ Renda mensal de R$ 6.500 → 25% de desconto (paga R$ 633,57 em vez de R$ 711,79)
✅ Renda mensal acima de R$ 7 mil → Sem desconto (mantém a tributação atual)
Atualmente, a isenção do Imposto de Renda vale apenas para quem recebe até R$ 2.824 por mês. Com a nova proposta, essa faixa será praticamente dobrada.
O Que Acontece com Quem Ganha Acima de R$ 7 Mil?
A proposta mantém as alíquotas atuais para quem recebe entre R$ 7 mil e R$ 50 mil por mês. Ou seja, esses contribuintes não terão direito aos novos benefícios, mas também não serão impactados por aumentos de imposto.
No entanto, para compensar a perda de arrecadação, o governo propõe uma taxação extra para quem ganha acima de R$ 50 mil mensais.
Como Funcionará a Nova Taxação dos Super-Ricos?
Para equilibrar as contas e compensar os R$ 27 bilhões que o governo deixará de arrecadar com a isenção, foi proposta uma tributação escalonada para quem ganha mais de R$ 600 mil por ano (ou seja, acima de R$ 50 mil por mês).
A cobrança será feita em formato de “escadinha”, aumentando conforme a renda anual:
🔹 Renda anual de R$ 600 mil a R$ 750 mil → Alíquota de 2,5% (paga no mínimo R$ 18.750)
🔹 Renda anual de R$ 750 mil a R$ 900 mil → Alíquota de 5% (paga no mínimo R$ 45 mil)
🔹 Renda anual de R$ 900 mil a R$ 1,05 milhão → Alíquota de 7,5% (paga no mínimo R$ 78,75 mil)
🔹 Renda anual de R$ 1,05 milhão a R$ 1,2 milhão → Alíquota de 10% (paga no mínimo R$ 120 mil)
Essa nova tributação considera salários, aluguéis, dividendos e outros rendimentos. Porém, algumas receitas estarão isentas, como:
✅ Poupança e títulos isentos
✅ Herança
✅ Aposentadoria e pensão por moléstia grave
✅ Venda de bens
✅ Indenizações
Essa medida enfrenta resistência no Congresso, já que o aumento de impostos para grandes rendas pode afetar investidores e empresários.
Impacto da Nova Isenção para os Trabalhadores
A isenção para quem ganha até R$ 5 mil permitirá que milhões de trabalhadores tenham um salário líquido maior, já que não terão mais o desconto do Imposto de Renda na fonte.
Atualmente, um trabalhador com salário de R$ 5 mil por mês paga cerca de R$ 312 de IR. Com a nova regra, esse valor seria zerado.
Isso significa mais dinheiro no bolso para:
✔️ Investir (poupança, cursos, educação)
✔️ Quitar dívidas
✔️ Melhorar a qualidade de vida
Além disso, o governo espera que essa mudança ajude a estimular a economia, já que os trabalhadores terão mais poder de compra.
Justiça Tributária ou Estratégia Política?
O presidente Lula e sua equipe defendem que essa mudança busca corrigir distorções históricas do sistema tributário. Segundo a ministra Gleisi Hoffmann, a medida reduz a desigualdade, já que atualmente o Brasil tributa muito o trabalho, mas pouco o capital.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que o objetivo é aproximar o Brasil das economias mais justas:
“Não queremos só estar entre as maiores economias, mas também entre as melhores economias. Buscar justiça tributária, buscar justiça social.”
No entanto, essa proposta também pode ser vista como uma estratégia política para melhorar a popularidade do governo entre a classe média, especialmente com as eleições municipais de 2024 e o impacto na sucessão presidencial de 2026.
O Que Vem a Seguir?
O projeto será analisado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, podendo sofrer ajustes antes da aprovação. O presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou que o Congresso não pretende barrar o projeto, mas pode fazer mudanças no texto.
“O Congresso terá lealdade com o governo, mas buscará responsabilidade fiscal.”
O governo espera que a nova regra entre em vigor a partir de 2026, caso seja aprovada sem grandes mudanças.
Conclusão: Como Essa Medida Afeta Você?
Se você ganha até R$ 5 mil por mês, essa proposta pode significar um salário líquido maior e um alívio financeiro.
Se sua renda está entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, você terá um desconto parcial no IR, reduzindo o imposto que paga hoje.
Já para quem ganha mais de R$ 7 mil, a tributação não mudará. Mas, se sua renda for superior a R$ 50 mil por mês, haverá cobrança de um novo imposto.
Agora, tudo depende do Congresso Nacional. A proposta ainda pode ser alterada antes de virar lei. Mas, se for aprovada como está, será uma das maiores mudanças no Imposto de Renda dos últimos anos.