Recentemente, a disforia de gênero ganhou atenção por meio de relatos como o de Maya Massafera, que compartilhou suas vivências e desafios durante o processo de transição. Esse tema, ainda cercado por muitas dúvidas e preconceitos, requer uma compreensão ampliada e atualizada.
A complexidade da disforia de gênero envolve tanto os aspectos psicológicos quanto sociais, impactando diretamente no bem-estar de quem a vivencia. Antes de prosseguirmos, vale a pena entender o que especialistas têm a dizer sobre esse termo e o contexto que o envolve.

Maya Massafera – Revista Quem
O que é a Disforia de Gênero segundo os Especialistas?
De acordo com Céu Cavalcante, psicóloga e presidenta do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, o termo “disforia de gênero” pode ser inadequado. Ela alega que ele tende a simplificar e generalizar as vivências trans, desconsiderando os fatores sociais e culturais que moldam as experiências de gênero de cada indivíduo.
Disforia de Gênero: Como se Manifesta?
Bruna Benevides, presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), explica que a disforia de gênero ocorre na maneira como as pessoas se relacionam com o ambiente e as expectativas sociais em torno do gênero. Isto é, a pressão externa e a normatização da aparência muitas vezes causam mais desconforto que a própria insatisfação com a identidade de gênero.
É possível tratar a Disforia de Gênero?
Segundo Carmita Abdo, psiquiatra e fundadora do Programa de Estudos em Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo, o apoio profissional é essencial. Terapias focadas no entendimento e aceitação da própria identidade podem ajudar a resolver esse desconforto, que não deve ser visto como uma patologia, mas como uma questão de saúde mental a ser tratada com sensibilidade.
- Terapias de aceitação e compromisso (ACT)
- Terapia cognitivo-comportamental focada em questões de gênero
- Apoio de grupos terapêuticos e comunidades inclusivas
Além disso, é fundamental que haja uma mudança nos imaginários sociais, criando ambientes mais inclusivos e respeitosos, onde pessoas trans possam ser respeitadas e validadas por quem verdadeiramente são, e não apenas pela imagem que projetam.
Com uma compreensão aprofundada e um diálogo aberto sobre disforia de gênero, podemos contribuir para uma sociedade mais justa e empática, onde cada pessoa possa viver de acordo com sua verdadeira identidade, livre de pressões e preconceitos.