Luiz Perillo enfrenta um enorme desafio ao aguardar por um transplante multivisceral – um procedimento raro e complexo para receber múltiplos órgãos de um único doador. Residente de Brasília e antes ativo e trabalhando como arquiteto, sua vida tomou um rumo inesperado quando foi diagnosticado com trombofilia, uma doença que afetou gravemente a funcionalidade de seus órgãos vitais.
Depois de passar longos períodos internado devido a complicações, Luiz encontrou-se numa situação delicada que o obrigou a mudar-se para São Paulo em busca de tratamento especializado. Durante este período, sua rotina foi radicalmente alterada, dependendo de sessões frequentes de hemodiálise e enfrentando as adversidades decorrentes da sua condição.

Luiz Perillo, que aguarda o transplante de cinco órgãos, chegou a 34 kg — Foto: Arquivo Pessoal
O que é um transplante multivisceral?
Transplante multivisceral refere-se a um procedimento cirúrgico onde múltiplos órgãos, como estômago, pâncreas, fígado, intestino e rim, são transplantados de um único doador para um único receptor em uma única operação. Este tipo de transplante é notavelmente complexo e exige uma infraestrutura médica muito específica e equipe altamente especializada.
Quais são os principais obstáculos para os transplantes multiviscerais no Brasil?
No Brasil, o transplante multivisceral ainda não faz parte dos protocolos do Sistema Único de Saúde (SUS), o que restringe o acesso e aumenta a já extensa fila de espera. Além disso, a complexidade e os custos elevados do procedimento limitam a frequência de tais operações, mesmo em hospitais privados ou através de parcerias com grupos de pesquisa.
Testemunho de um Especialista
Segundo o Dr. Rafael Pinheiro, que realizou o primeiro transplante multivisceral na rede pública do país, o custo deste tipo de operação pode chegar a ser dez vezes maior do que um transplante comum. “O impacto na vida do paciente é imenso, pois cada pessoa afetada representa uma vida transformada”, afirma Pinheiro. O especialista ainda ressalta a importância de se ampliar o acesso a esse tipo de tratamento no SUS para poder salvar mais vidas.
Como a comunidade pode ajudar?
A falta de doadores é um dos grandes entraves no aumento das taxas de transplantes no Brasil. Luiz Perillo, em meio às adversidades, iniciou uma campanha para fomentar a doação de órgãos. Ele compreende o valor de cada nova chance de vida e trabalha para disseminar essa conscientização através de uma marca de roupages que reverte parte da renda para essa causa. “Uma pessoa pode salvar até oito vidas”, lembra Perillo, enfatizando o legado que a doação de órgãos representa.
- Informação é poder: A conscientização sobre a importância da doação de órgãos pode transformar realidades.
- Declaração de vontade: É essencial que as pessoas conversem sobre suas intenções de doação com familiares e façam a declaração formal, seja através da carteira de identidade ou do sistema eletrônico de autorização para doação de órgãos.
- Apoio a campanhas e iniciativas: Engajar-se e apoiar campanhas de doação pode aumentar o número de doadores e, consequentemente, salvar mais vidas.
Com esperança e a união de esforços comunitários e médicos, o desejo de Luiz por uma nova vida pode se tornar realidade, assim como para muitos outros que esperam na fila por transplantes múltiplos.