A onda de fake news e discurso de ódio que perseguiram Imane Khelif desde quinta-feira não foram suficientes para derrubá-la. A pugilista argelina garantiu, no mínimo, a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 ao superar a húngara Anna Luca Hamori nas quartas de final do peso-meio-médio (até 66kg) por decisão unânime (5-0), neste sábado. Como todas as semifinalistas no boxe sobem ao pódio, Khelif já tem o bronze garantido e pode almejar a final da categoria se vencer a tailandesa Janjaem Suwannapheng na próxima terça-feira, dia 20 de fevereiro de 2024.
Khelif foi celebrada pelo público, majoritariamente argelino, na Arena Paris Norte. Ela venceu Hamori sem dificuldades. No entanto, ao sair do ringue, as lágrimas correram soltas após uma semana recheada de acusações de ser atleta transgênero e ataques de líderes políticos mundiais, como a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump. A argelina foi confortada pelos treinadores enquanto retornava ao vestiário.
Desempenho Impressionante de Imane Khelif
Motivada pela polêmica, Khelif tomou a dianteira do combate logo no início. Ela utilizou jabs e diretos para abrir a contagem. A húngara Hamori se movimentava bem, tentando esquivar-se e contra-atacar, acertando bons diretos eventualmente. Com o avanço do primeiro round, Khelif adotou uma postura mais estratégica, acertando diretos bem calculados. Ela terminou o primeiro assalto com vitória unânime na avaliação dos juízes.
Como Khelif Geriu o Combate?
Hamori precisava ser mais agressiva para superar a desvantagem, o que Khelif aproveitou bem. A argelina esperava os ataques da adversária para contra-atacar eficazmente. Apesar de alguns bons momentos de Hamori, com cruzados bem conectados, Khelif controlou a luta com confiança até o final do segundo round. Com dois rounds de vantagem nos cartões de pontuação, a vitória estava praticamente garantida para a argelina.
O Último Round
Frustrada, Hamori voltou para o terceiro e último round tentando atacar com jabs e diretos. Com a vantagem, Khelif podia circular o ringue, aguardando os ataques para contra-atacar. Houve dois clinches onde as pugilistas caíram no chão, com Khelif perdendo um ponto por falta em uma delas. Este foi o momento de Hamori para igualar a pontuação, mas Khelif, determinada, atacou com jabs e ganchos até o final.
Polêmicas e Desafios Enfrentados por Imane Khelif
A trajetória olímpica de Imane Khelif tem sido turbulenta. A argelina foi foco de polêmica nos Jogos de Paris 2024 devido ao banimento de sua participação na final do Mundial amador de 2023, organizado pela Associação Internacional de Boxe (IBA), que alegou não ter cumprido requisitos de elegibilidade para competir entre mulheres. O teste realizado pela IBA, mantido em sigilo, indicou cromossomos XY na atleta. O Comitê Olímpico Internacional (COI), que descertificou a IBA no ano passado por falhas em governança, finanças e ética, organizou o torneio de boxe olímpico seguindo protocolos de Tóquio 2020, permitindo que Khelif competisse.
Próximos Passos
Com a classificação para as semifinais, Imane Khelif já garantiu sua medalha de bronze. No entanto, ela tem olhos postos na final, que pode conquistar se vencer Janjaem Suwannapheng. Enquanto isso, os fãs de boxe aguardam ansiosamente os próximos combates e torcem para que a atleta continue demonstrando sua garra e habilidade dentro do ringue.
Independentemente do resultado, a trajetória de Khelif nos Jogos de Paris 2024 já é uma história de superação e resiliência, enfrentando não apenas os adversários no ringue, mas também a maré de crítica e ódio fora dele.
