Você vai descobrir um esquema de descontos ilegais no INSS e como a Justiça reagiu. A Polícia Federal e a CGU tiraram do ar uma etapa da Operação Sem Desconto, com prisões e buscas em vários locais. Entidades e ex-servidores são investigados; milhões de beneficiários foram afetados e o prejuízo passa de mais de um bilhão de reais. O texto mostra como os valores eram cobrados sem autorização, como o dinheiro foi lavado e o que pode mudar agora, incluindo pedidos de devolução e bloqueio de bens.
- Esquema inseria descontos no INSS sem autorização dos beneficiários
- Polícia Federal e CGU cumpriram mandados e fizeram prisões
- Dirigentes, servidores e entidades são acusados de desviar e lavar dinheiro
- Muitos aposentados e pensionistas sofreram perda de renda e dificuldades
- Investigações buscam devolução dos valores, bloqueio de bens e novas ações
INSS na mira da Justiça: o que aconteceu e por que você precisa saber
Você confere o extrato da aposentadoria e vê um desconto que não pediu. Na manhã de quinta-feira (13), a Polícia Federal lançou nova fase da Operação Sem Desconto, que mira fraudes em consignações supostamente tiradas de milhares de beneficiários do INSS. A ação foi feita em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) e tem como alvo ex-gestores, empresários e líderes de entidades que, segundo investigações, exploravam brechas do sistema para efetuar descontos indevidos.
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Mandados e abrangência da operação
Foram expedidos 10 mandados de prisão preventiva — 9 já cumpridos — e 63 mandados de busca e apreensão em 17 estados e no Distrito Federal. Casas, sedes de entidades e empresas ligadas ao grupo foram alvo. Os presos serão levados à audiência de custódia e a investigação aponta crimes como lavagem de dinheiro, peculato, estelionato e associação criminosa.
Principais alvos da operação
Alessandro Stefanutto
Ex-presidente do INSS (2023–2024), investigado por facilitar o esquema e fazer a interlocução entre o INSS e entidades privadas. Depoimentos na CPMI apresentaram contradições.
Antônio Carlos Antunes Camilo — Careca do INSS
Apelidado Careca do INSS nas apurações da CPMI, é apontado como articulador dos descontos ilegais.
Vinícius Ramos da Cruz
Presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT), ligado a denúncias de cobranças associativas não autorizadas.
Tiago Abraão Ferreira Lopes
Diretor da Conafer, acusado de inserir vínculos associativos fraudulentos no sistema do INSS.
Cícero Marcelino de Souza Santos e Samuel Chrisostomo do Bonfim Júnior
Ligados à Conafer, são apontados como parte do núcleo operacional que inseria dados e movimentava os recursos.
André Paulo Felix Fidelis
Ex-diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão do INSS, com acesso aos sistemas que autorizavam consignações — sua atuação teria sido fundamental para manter o esquema.
Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira
Ex-procurador-geral do INSS, acusado de tentar blindar juridicamente práticas e obstruir auditorias.
Thaísa Hoffmann
Esposa de Virgílio, investigada por receber recursos do esquema, o que pode caracterizar participação em lavagem de dinheiro.
Como funcionava o esquema criminoso
O golpe consistia em inserir cobranças associativas no sistema do INSS sem autorização dos beneficiários. Entidades criavam vínculos associativos ou alegavam autorizações e os descontos eram lançados direto na folha. Valores por pessoa variavam entre R$ 10 e R$ 50 por mês, mas, multiplicados por milhões, resultaram em prejuízo superior a R$ 1 bilhão em dois anos.
Distribuição ilegal dos recursos
As entidades dividiam o dinheiro entre dirigentes, servidores e operadores privados. A CGU identificou movimentações financeiras suspeitas, saques em dinheiro, contas em nome de terceiros, empresas de fachada e compra de imóveis e veículos de luxo para ocultar a origem dos recursos.
O papel da CPMI do INSS
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) vinha investigando o caso com depoimentos de vítimas e dados da CGU. A CPMI ouviu o ex-presidente do INSS e apontou contradições; o relator disse que as prisões confirmam suspeitas levantadas. A comissão pretende acompanhar desdobramentos e tentar recuperar valores.
Reações à operação
Ministério da Previdência
O ministério declarou apoio às investigações e informou que colabora com os órgãos de controle. Promete acelerar a implantação de um sistema antifraude, com validação dupla e confirmação ativa dos descontos pelo aplicativo Meu INSS.
Entidades envolvidas
Conafer e Instituto Terra e Trabalho (ITT) negaram envolvimento, alegando que os descontos teriam autorização dos filiados, sem apresentar documentos comprobatórios. Não comentaram afastamentos de dirigentes.
Sindicatos e associações
Sindicatos de aposentados pedem suspensão de todos os descontos associativos não comprovados e a devolução imediata dos valores com correção monetária. Parlamentares e organizações de defesa do consumidor apoiam processo administrativo rápido para restituir o que foi retirado sem autorização.
Impacto sobre os beneficiários
Perder R$ 10 ou R$ 20 por mês pode comprometer o orçamento de quem depende de aposentadoria, pensão ou BPC. Muitas famílias só descobriram os descontos ao conferir extratos. Organizações defendem mecanismo automático de devolução, sem burocracia excessiva para as vítimas.
Próximos passos da investigação
A PF deve:
- Interrogar os presos nos próximos dias
- Analisar material apreendido (computadores, celulares, contratos e documentos)
- Avançar para novas fases da operação, com denúncias formais
- Pedir bloqueio de bens para tentar recuperar valores
- Estudar responsabilizar bancos e intermediários envolvidos
Parte das apurações permanece em sigilo para não prejudicar a coleta de provas.
Conclusão
Um esquema de descontos ilegais drenou a renda de muitos beneficiários do INSS — centavos que, somados, viraram um rombo. Polícia Federal e CGU reagiram com prisões, buscas e apreensões; as investigações buscam devolução, bloqueio de bens e responsabilização dos envolvidos. Não espere só pela Justiça: verifique seu extrato, use o aplicativo Meu INSS, salve comprovantes e peça estorno ao encontrar descontos indevidos. Registre denúncia na PF ou na CGU e busque orientação jurídica se necessário.
Perguntas Frequentes
Como saber se tenho descontos ilegais no meu benefício do INSS?
Verifique o extrato do benefício e o contracheque no app ou site Meu INSS. Procure cobranças de associações ou valores entre R$ 10 e R$ 50 sem sua autorização.
O que devo fazer se encontrar descontos desconhecidos?
Faça print do extrato, peça cancelamento e estorno pelo Meu INSS e no banco, registre denúncia na Polícia Federal ou na CGU e procure orientação jurídica ou defensor público.
Quem são os principais investigados nesse esquema?
Ex-dirigentes do INSS e líderes de entidades, como Alessandro Stefanutto, Antônio Camilo (Careca do INSS), dirigentes da Conafer e do ITT, além de outros apontados por inserções e lavagem de dinheiro.
O INSS ou a Justiça vão devolver o dinheiro descontado indevidamente?
Investigações e a CPMI buscam a devolução dos valores. Há medidas para bloqueio de bens e pedidos de reparação. Beneficiários devem solicitar devolução administrativa e acompanhar processos.
O que já foi feito pela Justiça sobre a fraude?
PF e CGU deflagraram a Operação Sem Desconto, cumpriram mandados de prisão preventiva e buscas em 17 estados e no DF, e apreenderam materiais; novas fases são esperadas.

