O Brasil, embora seja um grande produtor de arroz, enfrenta um desafio para manter o equilíbrio entre a produção e o consumo deste alimento essencial.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de arroz nesta safra atingiu 10,3 milhões de toneladas.
No entanto, o consumo nacional está projetado para 11 milhões de toneladas. Esse déficit justifica a necessidade de importação de mais de 2 milhões de toneladas para suprir a demanda interna.
Além de apenas atender à demanda, há um motivo estratégico por trás das importações: controlar os preços do mercado interno.
Diante de possíveis escassezes e problemas de distribuição, como os recentemente observados no Rio Grande do Sul devido a enchentes, o governo opta por importar quantidades significativas para garantir que os preços não aumentem de forma exorbitante.
Como o clima influenciou na produção de arroz?

A produção de arroz no Rio Grande do Sul, um dos principais estados produtores, foi severamente atingida por condições climáticas adversas nos últimos anos.
Além disso, a sequência de La Niña causou períodos de seca. Enquanto o recém-chegado El Niño trouxe inundações que prejudicaram tanto a plantação quanto a colheita do grão.
Por que o Brasil opta por importar grandes quantidades de arroz?
A importação adicional de arroz, proposta pelo governo brasileiro, não é apenas uma medida emergencial.
Ela serve como um mecanismo para estabilizar os preços do arroz no mercado interno. Prevenindo, dessa forma, aumentos desproporcionais que poderiam ocorrer devido à escassez gerada por fatores climáticos ou outros imprevistos na cadeia de distribuição.
O impacto global nos preços do arroz
Os preços internacionais do arroz também têm grande impacto sobre o mercado brasileiro.
A decisão da Índia, que detém considerável fatia do mercado global de arroz, de interromper suas exportações teve repercussões imediatas.
Isso, portanto, elevou os preços globais e, por consequência, os preços no Mercosul, afetando diretamente o Brasil.
- Perda de Produção: Além dos problemas climáticos, os preços elevados do arroz são agravados pelas perdas na colheita e nos estoques já existentes, com destaque para os danos em infraestruturas de armazenagem no RS.
- Custos de Produção e Decisões de Plantio: Evandro Oliveira, da consultoria Safras & Mercado, aponta que o alto custo para cultivar arroz, comparativamente a outras culturas como soja e milho, faz com que muitos agricultores migrem para culturas mais rentáveis.
- Preços Altos: O preço do pacote de cinco quilos de arroz em supermercados de São Paulo, por exemplo, aumentou em 50% no último ano, impactando diretamente o custo de vida dos consumidores.
Diante desse cenário, o governo brasileiro procura maneiras de incentivar o cultivo de arroz e outras commodities essenciais através de políticas agrícolas e incentivos fiscais.
O Plano Safra, que será anunciado em breve, é uma das ferramentas estratégicas para essa finalidade, buscando equilibrar a oferta e demanda e manter o preço do arroz acessível para todos os brasileiros.