No cenário econômico brasileiro, o crédito consignado desempenha um papel crucial para aposentados e pensionistas, oferecendo uma alternativa acessível para aqueles que necessitam de crédito. Este empréstimo é descontado diretamente da folha de pagamento dos beneficiários do INSS, tornando-o uma opção atraente devido às taxas de juros normalmente mais baixas do que as de empréstimos pessoais ou cartões de crédito tradicionais. Dentro desse panorama, uma polêmica surgiu quando a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) questionou a competência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) na definição do teto de juros para o crédito consignado. O ponto central do debate está sobre quem realmente tem a autoridade para determinar essas taxas, sejam as entidades previdenciárias ou o Conselho Monetário Nacional (CMN).
Competência na Definição de Taxas de Juros
A ABBC defende que a responsabilidade pela definição das taxas de juros deve recair sobre o CMN, conforme estipulado pela Lei 4.595/64. A entidade argumenta que o CNPS e o INSS não possuem legitimidade legal para estabelecer tais limites. Segundo a associação de bancos, a atual metodologia adotada pelo CNPS não é transparente e compromete a rentabilidade das operações de crédito consignado.
Do outro lado, o Ministério da Previdência Social sustenta que a regulação das taxas é crucial para proteger a população mais vulnerável, como os aposentados, de taxas de juros abusivas. O controle sobre os juros teria impactos positivos, facilitando o acesso ao crédito de forma mais segura e justa.
Quais são as Implicações para Aposentados e Pensionistas?

A decisão sobre quem deve regular as taxas impacta diretamente os aposentados e pensionistas, que, muitas vezes, dependem do crédito consignado para suas necessidades diárias. Esses indivíduos geralmente recebem benefícios médios abaixo de R$ 2.000, sendo o crédito consignado uma das poucas opções disponíveis para emergências financeiras.
Há preocupações de que uma elevação dos juros, decorrente da retirada do controle do CNPS, poderia prejudicar ainda mais a situação financeira de muitos beneficiários. A discussão assim levanta questões sobre equidade, acesso e a própria natureza do crédito como uma política pública voltada a atender um setor econômico vulnerável.
O Papel dos Bancos no Crédito Consignado
Os bancos, por sua vez, argumentam que as atuais taxas de juros, definidas pelas entidades previdenciárias, ameaçam a viabilidade econômica das operações de crédito consignado. Com o teto de juros reduzido para 1,66% ao mês, enquanto os custos operacionais permanecem elevados, as instituições afirmam que manter o crédito nessas condições é insustentável a longo prazo.
Além disso, o uso da taxa Selic como base para ajustar os juros do crédito consignado é uma crítica recorrente. Os bancos defendem que essa referência não reflete as condições reais de captação no mercado financeiro, especialmente em contratos de longo prazo.
Como o Debate Poderia Influenciar o Futuro do Crédito Consignado?
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre essa questão poderá redefinir o cenário do crédito consignado no Brasil. Se o STF der ganho de causa à ABBC, e declarar inconstitucionais as ações do CNPS e INSS no que tange à definição dos juros, o CMN poderá assumir esse papel, possivelmente levando a um aumento dos juros, o que afetaria os custos para os aposentados.
Por outro lado, uma reafirmação do atual sistema manteria o foco em proteger os mais vulneráveis, mas os bancos poderiam rever sua participação nesse mercado, tendo em vista as condições impostas. Seja qual for a decisão, o resultado terá profundas repercussões para todas as partes envolvidas.