O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) aprovou recentemente a elevação do teto dos juros do crédito consignado para beneficiários do INSS, passando de 1,66% para 1,80% ao mês. Esta alteração tem como objetivo mitigar os impactos da alta da taxa Selic sobre o custo de captação dos bancos e, assim, incentivar a oferta desta modalidade de crédito. No entanto, o mercado avalia que essa mudança pode ser ainda insuficiente para viabilizar a rentabilidade esperada pelas instituições financeiras. Nos últimos meses, muitos bancos, incluindo grandes nomes como Bradesco e Banco do Brasil, restringiram ou até suspenderam a oferta de crédito consignado devido à defasagem entre o custo de captação e o teto dos juros. A ampliação para 1,80% foi uma tentativa de aliviar essa pressão. Entretanto, analistas financeiros indicam que esse ajuste ainda não aborda completamente os desafios enfrentados pelos bancos.
Por que o aumento do teto de juros não é suficiente?
A principal preocupação das instituições financeiras reside no fato de que, mesmo com o aumento da taxa para 1,80%, os custos operacionais ainda não são cobertos. Com a taxa Selic elevada, em 12,25%, o custo de captação para os bancos também cresce, inviabilizando a rentabilidade do crédito consignado, conforme apontado em relatórios de análise de mercado.
Estudos indicam que, para que essa linha de crédito seja realmente lucrativa para bancos e instituições financeiras, o teto dos juros deveria ser pelo menos 2,15% ao mês. Esse valor permitiria um retorno compatível com os custos patrimoniais das instituições financeiras, o que é crucial para incentivar a ampla oferta do produto.
Quais são as implicações para os beneficiários do INSS?

Embora a elevação do teto seja um passo para facilitar o acesso ao crédito, a realidade é que muitos bancos ainda oferecem o consignado de forma restrita. Isso limita o acesso dos aposentados e pensionistas a uma modalidade de financiamento que, em termos de juros, é mais vantajosa comparada a outras opções do mercado.
Essa situação poderá levar os beneficiários a buscarem alternativas de financiamento com taxas mais altas, como empréstimos pessoais, o que pode aumentar o risco de endividamento e deteriorar a estabilidade financeira de um público já vulnerável.
Existe a possibilidade de um novo ajuste no teto?
Com as incertezas econômicas persistentes no Brasil e a projeção de uma Selic elevada ao longo de 2025, há a possibilidade de que o governo reavalie o teto do consignado em breve. Essa reconsideração seria necessária para gerar um equilíbrio entre as necessidades do sistema financeiro e as demandas dos beneficiários do INSS.
Especialistas afirmam que um ajuste mais significativo poderia tornar a linha de crédito atrativa tanto para os bancos quanto para os usuários, possibilitando uma oferta mais ampla e equilibrada.
Conclusões e considerações futuras
O aumento do teto para 1,80% é uma iniciativa importante do governo para tentar alinhar o crédito consignado com o cenário econômico atual. No entanto, desafios permanecem para assegurar que essa modalidade seja sustentável e competitiva. O diálogo contínuo entre o governo e o setor bancário é crucial para ajustar as políticas de crédito de forma que atendam às necessidades de todos os envolvidos.
Garantir uma solução viável para o crédito consignado é essencial para proteger a saúde financeira dos aposentados e pensionistas, garantindo que eles tenham acesso a recursos que os ajudem a equilibrar suas finanças pessoais de maneira segura e sustentável.

