A Starliner é uma cápsula espacial construída pela Boeing como parte do Programa de Tripulação Comercial da Nasa, uma iniciativa em que empresas privadas fornecem serviços de voos espaciais para a Estação Espacial Internacional (ISS). A rival SpaceX também participa desse mercado, competindo diretamente com a Boeing.
A Boeing já havia resolvido problemas técnicos anteriores com a Starliner antes de iniciar a missão com os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams – a primeira viagem tripulada do módulo à ISS. A cápsula acoplou à estação espacial em 6 de junho de 2024, mas problemas nos sistemas de propulsão e vazamentos de hélio a mantiveram atracada desde então.
Quem são os astronautas que estão ‘presos’ no espaço?
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Os astronautas envolvidos são Butch Wilmore e Suni Williams, membros veteranos da Nasa. A missão de Wilmore e Williams enfrenta desafios significativos, e a Nasa está considerando duas opções para trazê-los de volta à Terra. A primeira é consertar a Starliner para que eles possam pilotá-la de volta, enquanto a segunda opção envolve devolvê-la sem tripulação, o que exigiria que os astronautas permanecessem na ISS até fevereiro de 2025.
Qual o impacto das longas permanências no espaço na saúde dos astronautas?
Viver no espaço por períodos prolongados apresenta uma série de desafios para a saúde humana. Os astronautas são expostos a níveis elevados de radiação espacial, o que pode aumentar o risco de câncer. A ausência de gravidade também contribui para a perda de densidade óssea, aumento do risco de pedras nos rins, alterações na visão e impactos no sistema cardiovascular.
O cosmonauta russo Oleg Kononenko, por exemplo, passou mais de mil dias no espaço, oferecendo insights valiosos sobre a adaptação do corpo humano em tais condições. No caso de Wilmore e Williams, a extensão da permanência na ISS implica em riscos adicionais à saúde, embora estejam rigorosamente treinados para enfrentar esses desafios.
Como a Nasa está avaliando a segurança da Starliner?
Para garantir a segurança dos astronautas, a Nasa está conduzindo uma Revisão de Prontidão de Voo com a participação de três agências técnicas independentes e revisores dos departamentos de Segurança e Garantia de Missão. O processo envolverá uma análise detalhada e culminará em recomendações ao administrador associado de Operações Espaciais da Nasa, Ken Bowersox.
Se não houver consenso, a decisão final será tomada pelo administrador associado da Nasa, Jim Free, ou pelo administrador Bill Nelson. Esse procedimento não é novidade; revisões semelhantes ocorreram durante a primeira missão tripulada de teste da SpaceX em 2020.
Isso já aconteceu antes?
Sim, a Nasa tem um histórico de realizar revisões de prontidão de voo durante missões tripuladas, especialmente em voos de teste. Esse processo garante que todos os aspectos de segurança sejam minuciosamente verificados antes de decisivos marcos de missão. A diretora-chefe de voo da Nasa, Emily Nelson, afirmou que tais revisões são comuns e críticas para o sucesso das missões.
Quando a decisão da Nasa será tomada?
A logística e os dados técnicos disponíveis terão um papel crucial na decisão de Ken Bowersox, esperada para o final de agosto de 2024. Enquanto isso, Wilmore e Williams continuam realizando suas funções na ISS, integrando-se ao rodízio de trabalho da estação com outros astronautas de diferentes missões.
Os trajes espaciais da Boeing funcionam na SpaceX?
Embora tanto a Boeing quanto a SpaceX façam parte do Programa de Tripulação Comercial da Nasa, suas espaçonaves e equipamentos são exclusivos, incluindo os trajes espaciais. Caso Wilmore e Williams precisem retornar na Crew Dragon 2 da SpaceX, eles usariam trajes apropriados para esta espaçonave específica.
Devido às necessidades de reparo da Starliner, o próximo voo da SpaceX para a ISS não será lançado até, pelo menos, 24 de setembro de 2024, adicionando mais uma camada de complexidade à decisão final sobre o retorno dos astronautas.