Recentemente, cientistas emitiram um alerta preocupante sobre os eventos de partículas solares, conhecidos como SPEs (Solar Particle Events, em inglês), e seus potenciais riscos para a atmosfera da Terra e o DNA humano. Alan Cooper, professor da Charles Sturt University, e Pavle Arsenovic, cientista sênior da University of Natural Resources and Life Sciences, publicaram um artigo no The Conversation Brasil abordando esses perigos.
Os SPEs são erupções de prótons e elétrons diretamente da superfície do Sol. De acordo com estudos, a cada mil anos, a Terra é atingida por um evento extremo desse tipo, capaz de causar danos significativos à camada de ozônio e aumentar os níveis de radiação ultravioleta (UV) na superfície terrestre. Vamos entender melhor esses riscos e como eles podem afetar a vida no nosso planeta.
Como os Eventos de Partículas Solares Afetam a Atmosfera?

Os eventos de partículas solares podem iniciar uma cadeia de reações químicas na atmosfera superior que resultam na redução do ozônio. O ozônio é crucial porque absorve a radiação UV mais intensa, que poderia causar danos à saúde humana, como aumento do risco de câncer de pele, e influenciar negativamente o clima.
Segundo um estudo recente, um evento de partículas solares extremo poderia diminuir os níveis de ozônio por mais de um ano, elevando os níveis de radiação UV na superfície da Terra e, consequentemente, aumentando os danos ao DNA humano. Se esses eventos ocorressem quando o campo magnético da Terra estivesse fraco, os danos ao ozônio poderiam durar até seis anos, potencializando os seus efeitos prejudiciais.
O que São Eventos de Partículas Solares?
Os eventos de partículas solares (SPEs) são erupções de prótons e elétrons da superfície do Sol. Essas partículas carregadas atingem a Terra com uma quantidade significativa de energia. Estes eventos podem ser relativamente frequentes, ocorrendo centenas de vezes a cada ciclo solar de cerca de 11 anos. No entanto, os eventos mais extremos são raros e muito mais poderosos.
Quais são os Impactos dos Eventos de Partículas Solares na Terra?
A atmosfera externa do Sol libera um fluxo constante de elétrons e prótons chamado “vento solar“. No caso de eventos de partículas solares, os prótons, que são mais pesados e carregam mais energia, podem penetrar na atmosfera da Terra e atingir altitudes mais baixas. Essa penetração cria uma reação em cadeia que resulta na redução do ozônio, essencial para proteção contra a radiação UV.
- Redução do Ozônio: Um evento extremo pode diminuir os níveis de ozônio por longo período, aumentando o risco para a saúde humana.
- Aumento da Radiação UV: A radiação ultravioleta elevada pode causar danos significativos ao DNA e aumentar o risco de câncer de pele.
- Influências Climáticas: Mudanças na camada de ozônio podem impactar o clima globalmente.
Quais são os Perigos para a Saúde Humana?
A radiação UV elevada pode causar sérios danos à saúde humana. Além de aumentar o risco de câncer de pele, a radiação pode prejudicar a visão e causar outros problemas de saúde. Durante um evento de partículas solares extremo, os níveis de UV podem subir até 25%, elevando em até 50% os danos ao DNA induzidos pelo Sol.
- Câncer de Pele: A exposição prolongada à radiação UV aumenta significativamente o risco de desenvolver câncer de pele.
- Problemas de Visão: A radiação UV pode causar danos aos olhos, como catarata e outras condições que afetam a visão.
- Mutação do DNA: Radiação UV intensiva pode causar mutações no DNA, aumentando o risco de várias doenças.
O Campo Magnético da Terra é Suficiente para Proteger-nos?
O campo magnético da Terra é um importante escudo protetor contra radiações solares. Contudo, este campo magnético varia com o tempo. Nos últimos cem anos, por exemplo, o polo magnético norte se moveu significativamente e o campo enfraqueceu mais de 6%. Em períodos em que o campo magnético está mais fraco, a proteção contra eventos de partículas solares é reduzida, o que pode agravar os seus efeitos.
Em conclusão, os eventos de partículas solares representam um sério risco para a nossa atmosfera e saúde. A redução do ozônio e aumento da radiação UV são ameaças reais que podem causar danos a longo prazo. Por isso, é crucial continuarmos estudando esses fenômenos e desenvolvendo estratégias para minimizar seus impactos.

