A luta de Muazzaz Abayat por recuperação física e mental evidencia as duras condições enfrentadas nas prisões. Deitado na cama de um hospital em Belém, na Cisjordânia, seu corpo, que antes era musculoso, agora aparece visivelmente debilitado, marcando profundamente aqueles que o conheciam antes de sua detenção.

Fonte: O Globo
O que aconteceu com Muazzaz Abayat durante sua detenção?
Muazzaz Abayat, um açougueiro palestino de 37 anos, relata seu período de detenção administrativa, sem acusações formais ou julgamento. “Fui arrancado de casa, não cercado por combatentes, mas na presença dos meus filhos e de minha esposa grávida”, desabafa Muazzaz. Durante os meses na prisão do Negueve, passou por extensivas e intensas adversidades, que impactaram gravemente sua saúde física e psicológica.
Consequências da guerra de Gaza
A guerra de Gaza, deflagrada pouco antes de sua prisão, causou um aumento significativo de detenções de palestinos na Cisjordânia, frequentemente sob o status de detenção administrativa. O Clube dos Prisioneiros reporta que, em comparação com o ano anterior, o número de detenções dobrou desde o início do conflito em 7 de outubro. Esse contexto de violência exacerbada é palpável, ainda mais nas áreas ocupadas, onde a disputa territorial aumenta as tensões diárias.
As condições de vida na prisão
O palestino descreve as severas condições na prisão que são comparáveis, em suas palavras, ao tristemente famoso Guantánamo. “Fomos detidos injustamente, espancados e submetidos a torturas com barras de ferro e correntes”, relata Abayat, que ainda sofre com dores pelo corpo todo. A alimentação precária, composta apenas por “10 ou 12 feijões com um pouco de repolho”, foi insuficiente e contribuiu para sua drástica perda de peso.
Impacto emocional e reações públicas
Ao ser liberado da prisão, Muazzaz, que mal podia caminhar, se apoiou em outra pessoa e era visivelmente um homem diferente do que antes. As imagens de seu estado prévio e atual circularam nas redes sociais, com pessoas expressando choque e indignação com a magnitude da transformação física sofrida. Seu pai, Khalil Abayat, expressou profunda tristeza ao ver seu filho tão transformado e debilitado: “Quando vi Muazzaz, não reconheci o filho que tinha antes.”
Apesar de estar fisicamente livre, Muazzaz ainda sente o peso da opressão: “Deixei uma prisão pequena por uma prisão grande”, diz ele, referindo-se à contínua ocupação israelense. Com uma estrada pela frente rumo à recuperação, sua história é um potente lembrete das muitas facetas e consequências dos conflitos regionais.