Uma revelação surpreendente veio à luz esta semana após a publicação de um estudo na revista científica Digital Applications in Archaeology and Cultural Heritage. Pesquisadores da Universidade de Manchester, em colaboração com as Universidades de Loughborough e Birmingham City, descobriram a razão por trás da morte de um crocodilo mumificado pelos antigos egípcios. Com mais de 2.000 anos, o animal metia-se numa situação fatal devido a um peixe preso num anzol encontrado em seu estômago.
O crocodilo, parte do acervo do Birmingham Museum and Art Gallery, mede 2,2 metros e era valorizado no Egito Antigo tanto por motivos religiosos quanto práticos. Esses répteis eram frequentemente associados a Sobek, um importante deus egípcio que simbolizava a força e a fertilidade. Usando uma combinação de raios X e tomografia computadorizada, os cientistas conseguiram não apenas examinar o interior da múmia, como também recriar digitalmente o anzol fatal em 3D.
Múmia de crocodilo de 2,2 metros sendo analisada em scanner por pesquisadores do Reino Unido — Foto: Universidade de Manchester
Como um Peixe com Anzol Levou à Morte do Crocodilo?
No estudo de caso do crocodilo mumificado, é claro que este indivíduo encontrou seu fim de maneira bastante inusitada. Engolindo um peixe ainda preso a um anzol, o anzol e o peixe ficaram alojados em seu sistema digestivo. Esse último alimento, em vez de sustento, tornou-se um perigo letal, impedindo a digestão e provavelmente causando a morte por complicações internas.
Qual a Importância dos Gastrólitos na Vida dos Crocodilos?
Gastrólitos, ou pedras estomacais, são comumente encontradas em crocodilos e desempenham um papel vital na digestão desses animais. No caso do crocodilo mumificado, os pesquisadores observaram uma quantidade significativa dessas pedras, que provavelmente ajudavam a decompor alimentos e a manter a flutuabilidade do réptil. No entanto, mesmo essas pedras não foram suficientes para salvar o peixe preso ao anzol de causar estragos.
A ciência por trás da técnica de radiografia 3D
A moderna radiografia 3D foi fundamental para desvendar os segredos guardados pelo crocodilo mumificado. Sem a necessidade de desenrolar fisicamente a múmia, o que potencialmente poderia danificar o artefato, os cientistas puderam examinar detalhadamente e criar réplicas exatas do anzol que condenou o animal, revelando não apenas a causa da morte, mas também métodos avançados de mumificação e a importância cultural desses seres no Egito Antigo.
De acordo com Lidija Mcknight, líder da pesquisa, “essa múmia de crocodilo ofereceu uma portal único para explorar avanços na ciência enquanto se preserva a integridade de artefatos culturais valiosos”. Graças à combinação de intuição arqueológica e inovação técnica, informações preciosas sobre o passado são continuamente reveladas, nos permitindo entender melhor não só as práticas de mumificação, mas também as interações entre seres humanos e animais em contextos históricos.
