A fascinação pelos baiacus transcende os oceanos, desde as águas orientais do Japão até as costas brasileiras. No entanto, enquanto no Japão o baiacu é considerado uma iguaria luxuosa, chamada de fugu, no Brasil, o consumo desse peixe é cercado de precauções devido à presença de toxinas perigosas.
Os baiacus são conhecidos por sua habilidade única de inflar o corpo como um mecanismo de defesa contra predadores. Esta característica intrigante os torna visíveis tanto na culinária quanto na cultura popular, mas aqui no Brasil, pescadores frequentemente optam por devolvê-los ao mar, evitando riscos associados ao seu preparo.

Baiacus são comuns na costa brasileira — Foto: Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal
Por que o baiacu é perigoso?
No Brasil, a prática de consumir baiacu não é comum devido à complexidade necessária para limpar o peixe e eliminar as toxinas potencialmente mortais. A tetrodotoxina, encontrada principalmente na pele, gônadas e fígado, deve ser removida cuidadosamente para evitar intoxicações sérias.
Preparação do baiacu no Japão e no Brasil
No Japão, o fugu é preparado por chefs especializados e licenciados, refletindo o alto valor cultural e monetário do prato. No Brasil, mesmo chefs experientes como Anderson Tomihama Ferraz, com cerca de 30 anos de experiência em cozinha asiática, não recomendam que aventureiros tentem preparar o baiacu sem o conhecimento adequado.
Uma das maiores preocupações é que qualquer erro no processo de limpeza pode resultar em uma intoxicação irreversível. Devido a esses perigos, educar os consumidores e pescadores sobre os riscos associados ao consumo de baiacu é uma prioridade.
Diversidade de baiacus no Brasil e suas particularidades
- Baiacu-pinima – Comum no litoral de São Paulo, gosta de águas salobras e é frequentemente encontrado em estuários e manguezais.
- Baiacu-espinho – Variante com espinhos que também pode ser vista nas águas brasileiras.
- Baiacu-arara – Outra espécie presente no Brasil, conhecida por habitar regiões de águas abertas e ilhas.
Estas espécies são adaptadas para viver em diferentes ambientes, desde manguezais até o mar aberto, cada uma com características únicas que influenciam seu habitat e comportamento.
Estudos e prevenções em torno das toxinas do baiacu
Devido aos riscos apresentados pela tetrodotoxina, pesquisadores como Eric Comin têm estudado formas de neutralizar ou evitar o acúmulo desta toxina nos baiacus. Esses estudos são vitais para garantir que futuros incidentes sejam evitados e para explorar possivelmente o potencial culinário do baiacu de maneira segura.
Portanto, enquanto o baiacu continua sendo um peixe popular em anzóis, é essencial manter o respeito e o cuidado ao lidar com essa espécie, tanto para pescadores quanto para entusiastas da culinária. A beleza e o perigo do baiacu coexistem, tornando-o um dos peixes mais emblemáticos e intrigantes do mundo marinho.