A francesa Esther Duflo, laureada com o Nobel de Economia em 2019, não apenas se destaca por sua notável contribuição na luta contra a pobreza, mas também por sua ativa participação em discussões globais sobre questões climáticas e desigualdade econômica.
Durante um recente evento em São Paulo, Duflo discutiu as maneiras pelas quais os países mais ricos e os bilionários deveriam assumir maiores responsabilidades financeiras na luta contra as mudanças climáticas e suas repercussões desproporcionais sobre os mais pobres.

Esther Duflo, Nobel de Economia por seu trabalho sobre formas de combater a pobreza
Qual é a “dupla crueldade” das mudanças climáticas, segundo Esther Duflo?
Segundo Esther Duflo, a “dupla crueldade” das mudanças climáticas se manifesta no fato de que aqueles que menos contribuem para a poluição — geralmente as populações mais pobres — são os mais afetados por suas consequências. Por outro lado, os ricos, maiores poluidores, são os que menos sofrem com os impactos.
Como Duflo propõe financiar a luta contra as mudanças climáticas?
Em sua visão, Duflo propõe que o financiamento para combater as mudanças climáticas deveria vir do aumento de impostos sobre grandes multinacionais e uma nova taxa sobre a fortuna das 3 mil pessoas mais ricas do mundo. Essa abordagem visa garantir que aqueles que mais se beneficiaram economicamente sejam aqueles que mais contribuem para resolver o problema.
A economia dos pobres ainda no foco de suas pesquisas
Apesar de seu trabalho abrangente sobre as mudanças climáticas, Duflo não deixou de lado sua pesquisa original sobre a economia dos mais desfavorecidos. Através de uma metodologia comparável a testes clínicos, ela projeta e avalia estratégias de alívio à pobreza.
Em suas visitas a comunidades rurais na Índia e em outros países, Duflo e sua equipe aplicam intervenções selecionadas aleatoriamente e medem seus impactos. Esses estudos ajudam a derrubar mitos sobre a pobreza e fornecem dados concretos que podem informar políticas públicas mais eficazes.
Resistência ao Risco e Empreendedorismo entre os Pobres: Um dos resultados intrigantes destaca que, ao contrário da crença popular, não todos indivíduos pobres são empreendedores natos. Muitos, na verdade, preferem a segurança de rendas estáveis às incertezas dos negócios próprios.
Esther Duflo, com sua carreira exemplar, provoca reverberações significativas tanto na academia quanto nas políticas públicas globais. Sua dedicação aos problemas socioeconômicos globais oferece esperança e caminhos possíveis para um mundo com menor desigualdade econômica e mais conscientização sobre o clima.