Na manhã desta terça-feira, 2, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) tomou uma decisão crucial que afeta diretamente os usuários das plataformas Facebook, Instagram e WhatsApp no Brasil. A decisão envolve a suspensão da implementação de uma nova política de privacidade proposta pela Meta, anteriormente conhecida como Facebook Inc. Essa política permitiria o uso de postagens e fotos dos brasileiros para treinamento de inteligência artificial (IA).
A decisão foi tomada após a ANPD identificar riscos significativos, que poderiam resultar em “danos graves e de difícil reparação”. Além da suspensão, a Meta foi alertada sobre uma multa diária de R$ 50.000 em caso de desobediência. Esta situação eleva o debate sobre privacidade e proteção de dados no contexto brasileiro, reforçando o papel regulatório da ANPD.
Qual foi a reação dos órgãos de defesa do consumidor?

O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) teve um papel fundamental ao notificar, junto com outros órgãos, a ANPD sobre os riscos da nova política sobre dados. O Idec enfatizou que a Meta não proporcionava informações claras e acessíveis sobre como os dados dos usuários seriam utilizados para treinar seus sistemas de IA. Essa opacidade é vista como uma violação dos direitos dos consumidores, segundo o Idec.
Como a Meta respondeu à suspensão?
Em uma nota oficial, a Meta expressou decepção com a decisão da ANPD, argumentando que seu procedimento é consistente com as leis de privacidade vigentes e mais transparente que o de muitos outros players da indústria. A empresa sublinhou que o treinamento de IA é um aspecto comum não só em seus serviços, ressaltando que a decisão poderia atrasar os benefícios da IA para os brasileiros.
E se os usuários não quiserem participar?
A Meta tentou oferecer uma solução para aqueles que preferem não ter seus dados utilizados para treinamento de IA, criando um formulário especial chamado “Direito de se opor”. No entanto, esse direito vem com um processo de nove passos, que foi criticado pelo Idec por ser complicado e, potencialmente, limitar a eficácia do direito de se opor e proteger a privacidade dos usuários.
Implicações futuras da decisão da ANPD
O impacto dessa decisão estende-se além das fronteiras do Brasil, já que a Meta enfrentou desafios semelhantes na União Europeia. A suspensão reforça a importância de um diálogo contínuo entre as grandes tecnologias e os órgãos reguladores para garantir que a inovação não comprometa os direitos fundamentais dos consumidores. Além disso, destaca a crescente necessidade de práticas transparentes na utilização de dados pessoais, essencial para a confiança do usuário e para o desenvolvimento sustentável da inteligência artificial.

