A economia criativa mostrou sinais claros de expansão no Brasil durante o último ano. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), este setor obteve um crescimento impressionante, adicionando quase 287 mil novos empregos entre dezembro de 2022 e dezembro de 2023. Tal performance sinaliza o melhor resultado nos últimos doze anos.
Este aumento no número de vagas elevou o total de trabalhadores no setor para mais de 7,7 milhões. A Fundação Itaú, que compilou os dados mais recentes, também destacou que houve um crescimento generalizado em várias áreas da economia criativa, embora a informalidade tenha crescido 5%, um ponto que ainda preocupa especialistas do setor.

O segmento de moda foi um dos que mais expandiram o número de vagas de trabalho no ano passado – Eduardo Anizelli /Folhapress
O crescimento no emprego acompanha a valorização do design e das novas tecnologias?
No detalhamento do crescimento por áreas, o setor de design liderou com um impressionante aumento de 29% nas ofertas de emprego. Não ficaram muito atrás, os campos de música e desenvolvimento de software e jogos digitais, com crescimentos de 24% e 18%, respectivamente. A gastronomia também observou um aumento significativo, com 16% mais vagas oferecidas.
Quais estados lideraram esse crescimento?
Do ponto de vista regional, estados como Sergipe, Roraima, Alagoas e Goiás se destacaram com os maiores índices de crescimento em termos de oportunidades de emprego. Por outro lado, estados como Maranhão e Piauí experimentaram declínios, sugerindo disparidades regionais substanciais dentro do país no que concerne o acesso a oportunidades dentro deste vibrante setor.
Desigualdades permanecem um desafio
Apesar do crescimento do emprego, as disparidades salariais dentro do setor ainda são relevantes. Segundo dados coletados, há uma evidente desigualdade salarial entre etnias e gênero. Em média, trabalhadores brancos ganham significativamente mais comparados aos seus pares negros e pardos. Além disso, homens continuam a ganhar mais que mulheres, com uma diferença que chama atenção pela magnitude.
Enquanto o mercado de tecnologia da informação viu um crescimento de 20% na contratação, o setor editorial e as artes cênicas viram uma redução nos postos de trabalho, com reduções de 8% e 6% respectivamente. Isso chama a atenção para a necessidade de estratégias mais eficazes no apoio a esses sub-setores vulneráveis.
Esse panorama geral da economia criativa em 2023 sugere um setor em plena expansão, mas que ainda enfrenta desafios importantes, principalmente no que diz respeito à formalidade e equidade de emprego. Continuar investindo no desenvolvimento de políticas inclusivas e inovadoras será essencial para sustentar e ampliar esse crescimento nos próximos anos.