As micro e pequenas indústrias enfrentam grandes obstáculos no cenário financeiro atual. Uma considerável quantidade desses pequenos negócios tem procurado apoio financeiro para alavancar suas operações; contudo, os dados revelam uma dura realidade. Segundo a mais recente pesquisa do Indicador Nacional da Micro e Pequena Indústria, realizada pelo SIMPI em colaboração com o Datafolha, a situação é bastante crítica para este segmento.
No último levantamento, que analisou o comportamento de 712 empresas em todas as regiões do Brasil entre abril e maio, foi identificado um interruptivo aumento de 5% na procura por empréstimos em comparação com períodos anteriores. No entanto, apenas 40% das solicitações foram aprovadas, deixando uma taxa de negativa de 60% para essas empresas.

Por que tantos empréstimos são negados às pequenas indústrias?
O panorama dos juros altos
A principal queixa reside nas taxas de juros elevadas, que, segundo o presidente do SIMPI, Joseph Couri, diverge substancialmente da taxa SELIC, oficializada pelo Banco Central. Enquanto a SELIC se mantém em 10,50% ao ano, os juros cobrados nos empréstimos podem atingir extremos de até 400% ao ano, o que complica significativamente a sustentação do fluxo de caixa dessas empresas.
Quais são os principais impactos dessas condições de empréstimo para o setor?
Diante da dificuldade de conseguir empréstimos com juros razoáveis, não é surpreendente que muitas dessas empresas recorram a alternativas menos vantajosas. De acordo com os dados coletados, 14% das micro e pequenas indústrias acabaram por usar o cheque especial e 11% recorreram ao crédito pessoal. Essas opções, embora instantâneas, trazem encargos financeiros muito mais pesados, impactando diretamente a saúde financeira das empresas a longo prazo.
Existem soluções para melhorar o acesso ao crédito para micro e pequenas indúrias?
- Reuniões com entes governamentais: Joseph Couri menciona esforços contínuos em discussões técnicas com o Banco Central e o Ministério da Micro e Pequena Empresa e Empreendedorismo. Tais encontros visam facilitar o estabelecimento de linhas de crédito mais acessíveis.
- Medidas internas: As indústrias também são encorajadas a revisar seus modelos de negócio e estruturas de custos para se tornarem candidatos mais atraentes para financiamento.
- Educação financeira: Fomentar a educação financeira entre os empresários deste setor pode melhorar significativamente a gestão de recursos e a apresentação de propostas de empréstimo.
O acesso ao crédito para as micro e pequenas indústrias é, de fato, repleto de desafios, mas é indispensável para a sustentabilidade e crescimento destas no longo prazo. A solução passa por uma combinação de reformas estruturais e uma conscientização maior sobre gestão de recursos. Enquanto essas transformações não acontecem de forma ampla, continuarão a enfrentar um caminho árido no acesso ao desenvolvimento econômico.