Uma recente pesquisa realizada pela Esfera Brasil, em colaboração com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, lançou luz sobre uma preocupante expansão do crime organizado em setores legais da economia brasileira. Segundo o estudo, atividades como mineração, mercado mobiliário, comércio de combustíveis e transporte público estão sob crescente influência de redes criminosas.
O advogado criminalista Pierpaolo Bottini, que participou da consultoria do estudo, alerta para uma nova tendência: «Essas organizações não se limitam mais a negócios puramente ilegais, mas agora também operam em sistemas legais para facilitar a lavagem de dinheiro ou ocultar o rastro de crimes anteriores.

Operação das polícias do Rio de Janeiro contra o crime organizado
Como o crime organizado afeta setores econômicos lícitos?
A influência do crime organizado na economia não se restrige apenas a quebras de regulamentações. O estudo indica que esses grupos podem gerar aproximadamente R$ 335 bilhões somente com a comercialização ilegal de cocaína, o que correspondente a cerca de 4% do PIB nacional.
Soluções para Fortalecer o Combate ao Crime Organizado
Com o objetivo de enfrentar essa problemática crescente, as entidades de pesquisa propuseram várias medidas aos órgãos governamentais. Entre as recomendações destacam-se a aprovação do projeto de Lei Geral de Proteção de Dados de Interesse da Segurança Pública e a formação de um comitê interministerial dedicado ao combate às redes criminosas.
Medidas Regulatórias e de Fortalecimento Institucional
Outras iniciativas incluem:
- Aperfeiçoar o Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) para melhorar a gestão de recursos obtidos por meio de impostos e penalidades.
- Regulamentação dos criptoativos e do setor de apostas, áreas consideradas vulneráveis à manipulação por entidades criminosas.
De acordo com Bottini, as estratégias focadas na repressão direta são insuficientes para lidar com a complexidade da criminalidade organizada atualmente. É imperativo identificar e interceptar os fluxos financeiros desses grupos para prevenir que os recursos sejam realimentados dentro das próprias redes ou usados para a corrupção de agentes públicos.
Portanto, além da regulamentação e do fortalecimento dos órgãos de controle, é essencial que todas as instituições envolvidas estejam altamente comprometidas e transparentes em suas operações, comunicando ao poder público sempre que detectarem atividades potencialmente criminosas. Este é um desafio significativo que exige uma resposta coordenada e robusta de todos os setores da sociedade brasileira.