Na mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, realizada nesta semana, um levantamento feito entre gestores de multimercados revelou um consenso surpreendente: 94% acham que a taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano, não sofrerá alterações no próximo período.
Essa decisão ocorre em um contexto de incertezas econômicas e ajustes no cenário fiscal do país.
A pesquisa, conduzida pela XP Investimentos entre os dias 5 e 12 de junho de 2023, incluiu 33 fundos de investimento, mostrando um panorama cauteloso em relação aos cortes de juros que muitos investidores têm esperado.
Diante das pressões inflacionárias e os desafios fiscais, o mercado parece estar reajustando suas expectativas para um cenário de estabilidade.
O que influencia a decisão de manter a Selic em 10,50%?

Os fatores que levam à manutenção da taxa de juros são complexos e variados.
Recentemente, o aumento nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os próximos anos chamou a atenção.
De acordo com dados revisados, estima-se que a inflação não desacelerará tão rapidamente quanto o previsto. Com o IPCA de 2025 e 2026 ajustados para 3,80% e 3,60%, respectivamente.
Como os gestores estão reagindo às mudanças no cenário econômico?
Com base nas perspectivas ajustadas, muitos gestores estão recalibrando suas estratégias.
O levantamento revelou uma diminuição nas posições que se beneficiam da queda dos juros no Brasil e um aumento nas alocações em juros mais atrativos nos mercados desenvolvidos.
Isso mostra uma preferência crescente por investimentos que possam oferecer retornos ajustados ao risco em um ambiente de incerteza econômica.
Qual é a postura do mercado em relação ao dólar e à Bolsa de Valores?
- Dólar: Em junho, o percentual de casas que aumentaram suas posições compradas em dólar subiu de 89% para 94%. Refletindo, dessa forma, uma aposta na valorização da moeda americana contra outras moedas globais.
- Bolsa de Valores: A despeito do otimismo com a economia global, que saltou o número de gestores otimistas de 23% em maio para 47% em junho, a confiança na economia local deteriorou. Isso se reflete nas alocações de ações, onde os investimentos em bolsa nacional diminuíram. Com 65% das casas mantendo posições compradas, uma redução em relação aos 71% do mês anterior.
Apesar dos desafios domésticos, a visão globalmente otimista conduzida tanto por melhorias econômicas quanto por avanços tecnológicos, como os relacionados à inteligência artificial, parece estar moldando uma nova rota para os investimentos internacionais. Influenciando, portanto, diretamente as decisões dos gestores brasileiros.
Por fim, a estabilidade da taxa Selic reflete uma postura de cautela do Banco Central frente aos riscos inflacionários e fiscais, enquanto os gestores de multimercados reajustam suas estratégias em um ambiente econômico global cada vez mais interconectado.
Este panorama sugere um 2024 de vigilância e adaptações contínuas por parte dos investidores.