Diante do crescente avanço das transações digitais, o PIX se tornou uma ferramenta amplamente utilizada pelos brasileiros, por sua agilidade e facilidade. Contudo, essa mesma velocidade que atrai, também expõe os usuários a um número crescente de fraudes e golpes. Diante desse cenário, o Mecanismo Especial de Devolução (MED) foi criado como uma resposta para tentar solucionar tais problemas, embora sua eficácia ainda seja questionada.
Um surpreendente relatório da fintech Silverguard mostra que, em 2023, foram realizadas cerca de 2,5 milhões de solicitações de devolução via MED, mas apenas 9% dessas foram efetivamente atendidas. Esse dado revela um grande desafio enfrentado pelas vítimas de golpes PIX: a rápido movimentação do dinheiro pelos golpistas, que dificulta a recuperação dos valores.
Quais são as principais falhas do Mecanismo Especial de Devolução?

O principal obstáculo encontrado no MED é a rapidez com que os criminosos conseguem transferir o dinheiro para outras contas, esvaziando os saldos antes que o bloqueio dos recursos seja efetivado. Mesmo nos casos de devolução, apenas 35% das transações são recuperadas integralmente, deixando muitas vítimas com um retorno financeiro parcial e, muitas vezes, insignificante.
Como a Febraban tenta aprimorar o processo?
Consciente dessas limitações, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) iniciou discussões com o Banco Central para desenvolver o MED 2.0. Esse novo projeto promete melhorias significativas, com destaque para a possibilidade de estender o bloqueio de valores para contas subsequentes na cadeia de transferências, uma estratégia que pode impedir que os criminosos consigam movimentar os valores tão facilmente.
O que é necessário para utilizar o MED?
Para aqueles que infelizmente caírem em golpes envolvendo o PIX, o procedimento inicial é contatar o banco imediatamente, registrando o ocorrido através do serviço de atendimento ao cliente ou da ouvidoria. Além disso, é recomendável registrar um boletim de ocorrência para fortalecer o pedido de devolução dos valores. É importante agir rapidamente, pois as chances de sucesso na recuperação do dinheiro diminuem à medida que o tempo passa.
Testemunhos de vítimas e a realidade do golpe
- Jussara Martins certa vez foi envolvida em um esquema de criptomoedas por um grupo do Telegram, onde prometiam retornos após depósitos. Após ser ludibriada em um investimento maior, Jussara buscou amparo pelo MED, mas não obteve sucesso na recuperação dos valores.
- Rodrigo Basque, após comprar um celular e ser enganado, também tentou usar o MED sem sucesso. A realidade de Rodrigo e Jussara reflete a de muitos brasileiros que, apesar dos esforços, enfrentam perdas financeiras significativas.
Embora a iniciativa da Febraban de reformular o MED seja um passo positivo, muitos ainda se perguntam se as atualizações serão suficientes para deter a astúcia dos criminosos digitais. Com o crescente número de golpes, apenas uma resposta rápida, robusta e eficaz poderá reverter esse cenário preocupante que assola o sistema financeiro digital do Brasil.