No pequeno país da América Central, El Salvador, uma realidade complexa e difícil tem chamado a atenção mundial. Com uma ofensiva forte e ininterrupta contra a violência gerada pelas gangues, o governo salvadorenho tem aumentado consideravelmente o número de detenções, levando a uma situação de superlotação nas prisões.
A situação alarmante do sistema prisional de El Salvador não é um fenômeno recente, mas se intensificou após adoção de políticas severas de segurança. A mais recente inclusão, um estado de exceção, permite prisões sem mandados e outras medidas extremas que tem inflado as estatísticas de encarceramento.

Como a nova prisão busca aliviar o sistema prisional?
A construção de um novo centro de detenção em El Salvador, situado em uma extensa área de 166 hectares, surgiu como uma tentativa de aliviar a crise de superlotação prisional. Este projeto, inaugurado na última terça-feira, é vigiado por 250 policiais e representa uma pequena luz no fim do túnel para o atulhado sistema de detenção do país.
Qual a capacidade e realidade das prisões de El Salvador?
Antes da abertura do novo complexo prisional, a pior situação encontrava-se na prisão de La Esperanza, onde cerca de 33 mil pessoas estavam alojadas, apesar da capacidade oficial ser de apenas 10 mil. Até 2021, o país contava com 20 centros de detenção, cuja capacidade máxima somada não ultrapassava 30 mil detentos, enquanto o número de encarcerados chegava a quase 36 mil.
O impacto político e social das políticas de encarceramento
O governo de El Salvador, liderado pelo presidente Nayib Bukele, tem defendido as medidas de segurança como necessárias para combater a violência e proteger os cidadãos. No entanto, a aprovação do estado de exceção em março de 2022, que incluiu a suspensão de alguns direitos constitucionais, gerou debates acirrados sobre os impactos na liberdade e na justiça social.
De maneira alarmante, desde a implementação dessas políticas, o número de detidos disparou para mais de 62 mil, muitos dos quais são apenas suspeitos de envolvimento com gangues. Essa situação não apenas reflete a gravidade da luta contra a delinquência organizada, mas também coloca em cheque a capacidade e a humanidade do sistema prisional do país.
Definitivamente, a situação em El Salvador serve como um chamado para a reflexão sobre as melhores práticas em políticas de segurança e direitos humanos, abrindo espaço para um diálogo necessário sobre eficiência e ética na gestão da lei e da ordem em situações extremas.
