Ilva Niño, cuja carreira foi marcada por personagens inesquecíveis nas telenovelas brasileiras, nos deixou recentemente após complicações de uma cirurgia cardíaca. Ela estava internada no Hospital Quali, em Ipanema, desde 13 de maio. Sua morte não apenas deixa um vazio no mundo das artes, mas também um riquíssimo legado de contribuições para a teledramaturgia e o teatro brasileiro.
Nascida em 15 de novembro de 1933 na cidade de Floresta, Pernambuco, Ilva iniciou sua jornada nas artes ainda jovem. Durante sua formação na Escola Normal, teve o privilégio de ser parte de um curso de teatro grego, dirigido pelo renomado Ariano Suassuna. Essa experiência foi decisiva, orientando-a definitivamente para as artes cênicas após atuar na montagem de “Antígona”.
Como Ilva Niño conquistou o público brasileiro?
Na década de 1960, Ilva já estava envolvida com o Movimento de Cultura Popular, uma iniciativa do governo de Miguel Arraes que visava ampliar o acesso à cultura. Com o golpe de 1964, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde a sua carreira tomou impulso, especialmente após se apresentar em um festival de teatro com a peça “O Auto da Compadecida”.
Momentos marcantes na carreira de Ilva Niño
A década de 1970 foi vital para Ilva, com trabalhos notáveis em produções como “Verão Vermelho” e “Gabriela”. No entanto, foi em “Roque Santeiro”, de 1985, que Ilva alcançou o estrelato nacional interpretando Mina, a empregada e confidente da icônica viúva Porcina. Esse papel capturou o coração dos brasileiros e permanece memorável na história da televisão brasileira.
Contribuições e relevância de suas personagens
- “A Patota” (1972): destacou-se pela profundidade dada à sua personagem.
- “Pecado Capital” (1975): interpretou a mãe das protagonistas, um papel que mostrou sua versatilidade como atriz.
- “Sem Lenço, sem Documento” (1977) e “Feijão Maravilha” (1979): esses trabalhos solidificaram sua fama como atriz carismática e dedicada.
Além da Televisão, Ilva também foi uma entusiasta do teatro, e em 2016, teve a honra de promover a reabertura do Teatro Niño de Artes Luiz Mendonça, nomeado em homenagem ao seu falecido marido. Este espaço, localizado na Lapa, é hoje um centro vital para a cultura teatral, demonstrando o contínuo impacto de Ilva no mundo das artes.
A trajetória de Ilva Niño evidencia uma carreira brilhantemente vivida, uma paixão ardente pelas artes e um legado que será lembrado por muitas gerações. Embora sua voz tenha se calado, suas atuações e dedicação às artes continuam a inspirar novos artistas por todo o Brasil. Sua partida é, sem dúvida, uma grande perda, mas também uma celebração de uma vida repleta de realizações e contribuições históricas para a cultura nacional.